Muitos artistas se declararam produto da Revolução Bolchevique. É, porém, Dmitri Shostakovich, que morreu em Moscou em 9 de agosto de 1975, a figura que se destaca pela qualidade artística.
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Dmitri Shostakovitch em 1942
O compositor nasceu em São Petersburgo em 25 de setembro de 1906 no seio de uma família de esquerda. Sua mãe, Sofia Vassilyevna, deu-lhe as primeiras lições ao piano, aos oito anos, antes de ingressar no Conservatório de Petrogrado, aos 13 anos. Shostakovich foi considerado pelo diretor, o notável compositor Alexander Glazunov, como uma promessa.
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Durante os anos 1920, os dirigentes culturais soviéticos mostravam-se ansiosos em lançar novas tendências. O jovem Shostakovich era o revolucionário que queria que sua música servisse ao Estado socialista. “Sou um compositor soviético e vejo nossa época como algo heroico”, escreveu. “Considero que todo artista que se isola do mundo está condenado”.
Chegou à maturidade durante o período artisticamente frutífero e intensamente ativo que se seguiu à morte do revolucionário Vladimir Lênin. Sua carreira como pianista era promissora, seu recital de graduação foi uma sensação. Porém foi sua 1ª Sinfonia, escrita aos 19 anos, ainda aluno do conservatório, que lhe deu reputação internacional. Foi de pronto incluída no repertório de maestros como Bruno Walter, Leopold Stokowsky e Arturo Toscanini. A 2ª Sinfonia, enormemente popular na URSS, cognominada de Sinfonia de Outubro, composta quando tinha 21 anos, foi dedicada ao 10º aniversário da Revolução. Mais tarde compôs para teatro e cinema. São dessa época a ópera Lady Macbeth de Mtsensk e O Nariz, mais os balés A Idade de Ouro e O Parafuso.
Ouça a Valsa nº 2 de Shostakovich. A composição foi tema do filme De Olhos bem fechados (1999), de Stanley Kubrick:
Nos anos 1930, porém, as formas vanguardistas de Shostakovich, audaciosas harmonias e linguagem sarcástica trouxeram-lhe a desaprovação do regime, então comandado por Joseph Stalin. Embora popular entre as platéias russas e considerado prodígio musical pela Revolução, foi obrigado a remover várias obras do repertório ativo.
As restrições colocadas à arte de Shostakovich deixaram-no desiludido. Temeroso da condenação oficial, seguiu as pegadas de Beethoven, Tchaikovsky e Mussorgsky ao escrever música com temas profundos, no entanto submetendo os temas dominantes a um sentimento completamente contrastante.
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Shostakovich acedeu ao ‘realismo socialista’ – a arte representando o triunfo da revolução e interpretando com otimismo a vida soviética. Isto ocorreu, apesar dos principais compositores da União Soviética, inclusive Serge Prokofiev, Aram Khachaturian e Nicolai Myaskovsky, terem sido denunciados por ‘formalismo’ ou ‘decadente varguandismo’ em 1948, o que ocorreu após o período da Guerra Patriótica quando os artistas tiveram liberdade de criação.
Após a guerra, sua produção se manteve alta até os últimos cinco anos de vida, quando severos problemas físicos começaram a limitar seus movimentos. À época, suas obras já entravam para a imortalidade. Foi nomeado Primeiro Secretário da União dos Compositores Soviéticos, tendo recebido o Prêmio Lenin, a Medalha de Heroi do Trabalho Socialista e o doutorado honorário da Universidade de Oxford. E mais importante, suas peças passaram a ser executadas pelas orquestras e rádios pelo mundo afora.
A música de Shostakovich é francamente russa no estilo embora diversificada. Contém memoráveis temas do folclore e da música popular russa, do jazz e dos tradicionais de Bach. Como a voz musical da sociedade soviética sua produção artística é extensa. Sua 5ª Sinfonia, estreada em 1937, a primeira puramente soviética no estilo, foi aclamada tanto pelo público quanto críticos e governo e permanece sendo sua obra mais conhecida. Dignas de atenção são suas 4ª Sinfonia, que deixou de ser executada por quase 30 anos; a 7ª Sinfonia, uma obra grandiosa dedicada à cidade natal e sua resistência à invasão nazista e a 10ª Sinfonia, considerada a mais bem escrita.
Foram dadas a Shostakovich exéquias de Estado e o reconhecimento pela imprensa mundial como um extraordinário compositor de nossos tempos.
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