Localizada no rio Paraná, na fronteira entre Brasil e Paraguai, a usina hidrelétrica de Itaipu foi criada em 1973, após anos de negociações. Em 1º de novembro daquele ano, foi assinado o tratado dispondo detalhadamente as condições em que o consórcio binacional operaria. Somente 11 anos depois, em 1984, começou efetivamente a gerar energia. Ainda é considerada a maior hidrelétrica do mundo em termos de energia gerada. Ela abastece 20% do território brasileiro.
Em 1966, Brasil e Paraguai assinaram a Ata do Iguaçu, uma declaração conjunta que manifestava a disposição em estudar o aproveitamento dos recursos hidráulicos pertencentes em condomínio aos dois países, no trecho do rio Paraná “desde e inclusive o Salto das Sete Quedas até a foz do rio Iguaçu”.
Quando o tratado foi assinado, ficou acertado que cada país seria responsável por 50% do capital inicial (50 milhões de dólares para cada). Como o Paraguai não tinha recursos financeiros para tanto, a solução foi pegar um empréstimo com o Brasil, não só para o capital inicial, mas também para outros investimentos. O resultado é uma dívida paraguaia de 18 bilhões de dólares, a ser paga ao governo brasileiro até 2023.
No entanto, como o Brasil foi o país que efetivamente financiou todo o projeto, os dois governos concordaram, na época, que os brasileiros teriam certas preferências. Uma delas diz respeito à energia excedente: o Paraguai tem direito a 50% da energia gerada mas, como não precisa de todo esse montante, o restante (no caso, 45%) deveria ser vendido obrigatoriamente à Eletrobrás, a preço de custo.
O Brasil paga ao Paraguai 45,31 dólares por MWh (megawatt-hora). No entanto, desse valor, o Paraguai recebe efetivamente 2,81 dólares. A diferença (de 42,50 dólares) é retida pelo governo brasileiro como abatimento da dívida.
Em 1970, o consórcio formado pelas empresas IECO, dos Estados Unidos, e ELC Electroconsult, da Itália, venceu a concorrência internacional para a realização dos estudos de viabilidade e do projeto da obra. O início do trabalho se deu em fevereiro de 1971. Em 17 de maio de 1974, foi criada a entidade binacional Itaipu, para gerenciar a construção da usina. Um consórcio de empresas, liderado pela brasileira Mendes Júnior, executou o projeto.
Para a construção, foram contratados 40 mil trabalhadores diretos. Empregaram-se 12,57 milhões de metros cúbicos de concreto, o equivalente a 210 estádios do Maracanã e uma quantidade de ferro equivalente a 380 torres Eiffel.
Comparando a construção da hidrelétrica de Itaipu com o Eurotúnel, que liga França e Inglaterra sob o Canal da Mancha, foram utilizadas 15 vezes mais concreto e o volume de escapamentos foi 8,5 vezes maior. Durante a formação do reservatório, equipes do setor ambiental de Itaipu esforçaram-se em percorrer a maior parte da área que seria alagada para salvar centenas de exemplares de espécies de animais da região.
Em 5 de maio de 1984, entrou em operação a primeira unidade geradora de Itaipu. As 20 unidades geradoras foram sendo instaladas ao ritmo de duas a três por ano.
Um marco importante, na área diplomática, foi a assinatura do Acordo Tripartite entre Brasil, Paraguai e Argentina, em 19 de outubro de 1979, para aproveitamento dos recursos hidráulicos no trecho do rio Paraná, desde as Sete Quedas até a foz do rio da Prata. O acordo estabeleceu os níveis do rio e as variações permitidas para os diferentes empreendimentos hidrelétricos na bacia comum aos três países. À época, quando todos eram governados por ditaduras militares, havia o temor de que, em um eventual conflito com a Argentina, o Brasil abrisse completamente as comportas de Itaipu, inundando a cidade de Buenos Aires – o que, obviamente, nunca aconteceu.
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