O ex-jogador de futebol francês Eric Cantona não deixou a polêmica de lado após se aposentar dos gramados. Nesta semana, ele voltou a atrair os holofotes quando a imprensa do país levantou a hipótese de que ele estaria procurando apoio para se candidatar à Presidência da França. A ação, na verdade, fez parte de uma campanha de marketing promovida pelo jornal Libération e o próprio ex-atleta para ajudar uma associação e levantar o tema da habitação na campanha presidencial.
Efe
Cantona, em 2007, durante uma homenagem a Abbé Pierre;o ex-jogador milita há anos pela causa da habitação digna
A “candidatura” de Cantona, de 45 anos, durou apenas um dia. Ela foi anunciada inicialmente na edição de segunda-feira (09/01) do Libération. A notícia dizia apenas que ele procurava o apoio dos prefeitos para obter “500 assinaturas”. Para se candidatar à Presidência, é necessário que o postulante obtenha exatamente essa quantidade de firmas entre os prefeitos de todo o país. Apesar do número simbólico, em nenhum momento se falou diretamente sobre a candidatura.
Na publicação, o jornal divulgava uma carta do ex-jogador. Segundo Cantona, “além das atividades profissionais que me conduziram a uma carreira esportiva de alto nível (…) sou um cidadão atento a nossos tempos (…) um cidadão engajado”. “Se eu me dirijo a vocês, senhoras e senhores prefeitos, é para pedir suas assinaturas no contexto de um debate político em que o país se envolve. Meu objetivo é de recolher 500 assinaturas, pelo menos”.
A verdade
Os rumores da “candidatura Cantona” foram explicados no dia seguinte. Nesta terça-feira (09/01), ele ocupou a capa inteira do jornal. Com a manchete “Cantona entra em campanha”, o jornal explicava a intenção real de Cantona logo abaixo: ele havia pedido assinaturas dos prefeitos em favor da Fundação Abbé-Pierre, com o objetivo de transformar o tema da habitação uma prioridade no debate da eleição presidencial. Ele dá uma entrevista de duas páginas em que pede um novo contrato social aos aspirantes ao Palácio do Eliseu. O primeiro turno das eleições da França está marcado para 22 abril. O segundo turno, se necessário, foi fixado para 6 de maio.
A Fundação Abbé-Pierre tem o objetivo de construir 500 mil habitações nos próximos cinco anos, para resolver o problema da escassez de casas, controle de aluguéis, acesso à habitação dos mais pobres e prevenção contra despejos.
Cantona já organizou torneios de futebol no passado e editou um livro de fotos de habitações em situação precária. Também participou de uma série de campanhas apoiando o combate à habitação precária. Entre outros apoiadores célebres da instituição, está o ator Jean Reno.
Atacante polêmico
Atualmente trabalhando como diretor de futebol do New York Cosmos, Cantona chegou ao auge de sua carreira jogando pelo Manchester United, na Inglaterra, entre 1992 e 1997, onde marcou 64 gols e tornou-se símbolo de sua torcida, devido em parte ao seu carisma e espírito aguerrido. Também conhecido por sua indisciplina, vinha enfrentando uma série de suspensões em 1995. Até que, após ter sido expulso durante uma partida fora de casa contra o Crystal Palace, agrediu um torcedor com uma voadora e, em seguida, lhe desferiu uma série de socos. Chegou a ser preso, foi multado em 20 mil libras e suspenso por oito meses.
Até hoje, diz não se arrepender do ocorrido. “Meu melhor momento no futebol? Tive muitos, mas o que eu mais prefiro foi aquela vez que chutei um hooligan”, disse o ex-atacante em 2011.
Reprodução
A explicação da “campanha” no Libération
Após aposentar-se em 1997, dizendo-se “farto” do futebol profissional, passou a jogar no futebol de areia, onde foi campeão mundial como técnico no Mundial do Rio de Janeiro, em 2005. Enquanto ocupava o cargo, chegou a dizer que não se sentia à vontade sendo francês: se pudesse escolher, teria nascido britânico. Também atuou e dirigiu no cinema e em alguns peças de teatro. Chegou a interpretar a si mesmo no filme “À procura de Eric”, de Ken Loach, quando ajudava um antigo fã a reequilibrar sua vida.
Destacou-se também como ativista político. Além de militar pela causa da habitação, chegou a propor uma mobilização contra os bancos pela crise financeira global em 2010, encorajando a população a tirar todo o dinheiro que tinham aplicado nos bancos.
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