A embaixada brasileira no Irã negou qualquer tipo de irregularidade nas relações diplomáticas com o país persa. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, conversou nesta quarta-feira (25/01) com o embaixador do Brasil no Irã, Antonio Salgado, por cerca de uma hora, no Rio de Janeiro, antes da partida do chanceler para Davos, na Suíça.
O motivo da reunião foi a respeito de uma entrevista do porta-voz da Presidência do Irã, Ali Akbar Javanfekr, ao jornal Folha de S.Paulo publicada na última segunda-feira (23/01). De acordo com informações da Agência Brasil, Patriota quis saber de Salgado se havia restrições por parte dos iranianos à política externa brasileira.
Na matéria do jornal brasileiro, “Irã ataca diplomacia de Dilma e diz que Lula faz falta”, o governo não deu continuidade à política iniciada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “A presidente brasileira golpeou tudo o que Lula havia feito. Ela destruiu anos de bom relacionamento”.
Entretanto, duas agências de notícias estatais iranianas publicaram matéria negando o teor da entrevista. Javakefr teria dito apenas que “a presidente Dilma precisava de tempo para consolidar as relações entre Teerã e Brasília”. As relações entre os dois países, segundo a chancelaria iraniana, continuavam positivas. Em resposta à reportagem do Opera Mundi, a secretaria de redação da Folha de S.Paulo, afirmou que “mantém as informações publicadas”.
Segundo a Agência Brasil, diplomatas que acompanharam a conversa de Patriota com Salgado disseram que o embaixador brasileiro em Teerã negou que as relações entre o Brasil e o Irã estejam abaladas. Segundo Salgado, os contatos comerciais entre os dois países são intensos e tendem à ampliação. Também não há, de acordo com ele, estremecimento por parte dos iranianos em relação aos brasileiros.
Segundo o professor Murilo Sebe Bon Meihy, do Departamento de História da PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio, é necessário compreender que a política externa iraniana é “complexa”, pois envolve três setores de Poder – o Executivo, o Legislativo e o religioso.
“No Irã, há uma composição de poderes. São pelo menos três forças que vivem uma espécie de competição. A declaração de um porta-voz não representa o todo. É preciso compreender essa complexidade”, alerta Meihy.
Em 2010, Lula esteve em Teerã para negociar um acordo de paz entre o Irã e a comunidade internacional envolvendo o programa nuclear desenvolvido no país. Porém, os termos do acordo foram rejeitados pela maioria dos países e os iranianos acabaram alvos de uma série de sanções.
Para a comunidade internacional, o programa nuclear iraniano é uma ameaça, pois há suspeitas de produção de armas. No entanto, Ahmadinejad e as autoridades iranianas negam essas acusações, informando que a interpretação sobre a tecnológica nuclear do Irã é política e não técnica.
(*) com informações da Agência Brasil
NULL
NULL
NULL