O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, responsabilizou diretamente as potências estrangeiras pela violência na Síria, onde um duplo atentado terrorista matou nesta quinta-feira (10/05) pelo menos 55 pessoas nos arredores de Damasco.
“Infelizmente, alguns de nossos parceiros não só fazem previsões, mas também ações práticas para que a situação exploda”, afirmou Lavrov em entrevista coletiva em Pequim.
“Os líderes da comunidade internacional têm influência sobre os grupos armados. Deveriam utilizar sua influência para o bem, não para o mal”, disse em sua reunião desta quinta-feira (10/05) com seu colega chinês, Yang Jiechi.
Lavrov ressaltou que o regime sírio de Bashar al Assad tem parte da responsabilidade pela situação no país árabe, mas que “isso não pode servir de desculpa para eximir a outra parte de qualquer responsabilidade”.
Ele acusou as potências que têm mais influência que a Rússia sobre a oposição síria de “inclusive ameaçar os grupos armados a não aceitar nenhum acordo ou compromisso e a continuar sua atividade destruidora”.
Em sua opinião, essas potências abrigam esperanças de que “as forças governamentais reagirão de maneira inadequada e que a espiral de violência conduzirá à necessária ingerência exterior”. “Isso é inaceitável. E o Conselho de Segurança da ONU não autorizará o dito plano. Nós não estamos ao lado dos que atuam na Síria segundo o princípio de 'quanto pior, melhor'”, completou.
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“É evidente que o objetivo dessas cruéis ações é dirigir o país a uma nova, sangrenta e muito perigosa espiral de violência, abortar o cumprimento do plano do mediador internacional, Kofi Annan, e amedrontar os observadores da ONU”, apontou.
No último sábado (05/05), Lavrov já havia conversado por telefone com Annan, enviado especial da ONU e da Liga Árabe para a Síria para coordenar o andamento do plano de paz elborado para o país. Na ocasião, o diplomata considerou inaceitável o contrabando de armas ao país, por conduzir a ordem social a uma desestabilização.
Antes disso, a emissora iraniana Press TV já havia informado informou que oposicionistas sírios estariam recebendo armas através do território turco. Para facilitar o procedimento, autoridades da Turquia estariam inclusive criando uma zona-tampão humanitária na fronteira.