Sessenta mil pessoas fugiram para salvar suas vidas do acampamento de Kanyaruchinya, situado a 10 quilômetros de Goma, capital da província de Kivu do Norte no leste da República Democrática do Congo (RDC), assediada pelo grupo rebelde M23, informou nesta terça-feira a ONU.
“O acampamento de Kanyaruchinya foi esvaziado por seus 60.000 habitantes, que escaparam da insegurança nessa região”, revelou o porta-voz em Genebra do Escritório das Nações Unidas de Ajuda Humanitária (Ocha), Jens Laerke.
Os refugiados se dispersaram e se dirigiram rumo a Ruanda, para localidades do norte e em direção à própria Goma, onde vivem um milhão de pessoas.
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A gravidade da situação, que inclusive repercute na vizinha província de Kivu do Sul, levou os funcionários das agências humanitárias da ONU a se refugiar na sede principal desta organização em Goma, segundo confirmou em Genebra a porta-voz Elisabeth Byrs. Ela disse que cerca de cem voluntários estão nesse recinto, de onde escutam tiros, embora em nenhum momento tenham sido alvo de ataques diretos.
Segundo a Ocha, a violência levou em qualquer caso à “suspensão ou redução” temporária das atividades humanitárias, o que tem como consequência que “milhares de pessoas vulneráveis não estão recebendo a ajuda que precisam urgentemente”.
Por outro lado, a ONU alertou do sério risco de um rápido aumento de casos de cólera – doença que estava presente no acampamento agora abandonado – devido aos movimentos de população.
Os combates entre as forças congolesas e os rebeldes do M23 aumentaram há uma semana nas regiões de Kivu do Norte e Kivu do Sul, fronteiriças com Ruanda, país ao qual se acusa – como a Uganda – de apoiar o grupo armado insurgente.
Além do M23, em Kivu do Sul surgiram outros grupos armados, o que elevou igualmente a violência para essa região, da qual fugiram 339 mil pessoas desde abril passado. Em Kivu do Norte o número de deslocados chega a, pelo menos, 250 mil desde então.
Neste ano, os confrontos armados provocaram o deslocamento forçado de um total de 650 mil pessoas, dos quais 40 mil fugiram para Uganda, 15 mil para Ruanda e cerca de 1.000 para o Burundi.