As homenagens ao arquiteto Oscar Niemeyer, cujo corpo está sendo velado na manhã desta sexta-feira (07/12) na Prefeitura do Rio de Janeiro, continuam a repercutir por todo o mundo, incluindo chefes de Estado e dirigentes das organizações supranacionais.
“Fiquei entristecido ao saber da morte de Oscar Niemeyer, figura de destaque e um dos arquitetos da sede das Nações Unidas em Nova York”, afirmou o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-moon, que ressaltou seu “forte senso de humanismo e engajamento global”. “Lembro que me senti maravilhado quando visitei algumas de suas obras-primas modernistas em Brasília, inscrita no Patrimônio Mundial da Unesco”.
Agência Efe
Velório de Oscar Niemeyer, em Brasília
A Unesco também prestou homenagem a este “artista universal” e “grande humanista”, em um comunicado assinado por Irina Bokova, diretora-geral da organização multilateral. Sua obra-prima, Brasília, integra o Patrimônio Mundial da Unesco desde 1987.
O presidente da França, François Hollande, saudou a obra de um “homem comprometido e cujas convicções foram colocadas sempre a serviço de seu talento”. “Niemeyer tinha com a França uma relação privilegiada, não apenas porque construiu aqui vários edifícios cuja modernidade e originalidade comovem os visitantes, mas por também ter vivido aqui no exílio “, disse. O presidente socialista lembrou que o arquiteto se exilou no país em 1966, onde projetou cerca de 20 edifícios, entre os quais estão a sede do Partido Comunista, na praça Colonel Fabien, em Paris, e o Centro Cultural Le Havre.
O “arquiteto de sonho tornado real”, classificou o primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault. “Niemeyer atravessou o século XX com “ousadia, brilhantismo e perseverança”, e disseminou a “universalidade de sua mensagem de Brasília a Nova York, de Belo Horizonte a Paris”.
África
A Argélia, um dos países onde Niemeyer realizou mais obras fora do Brasil, também lhe dedicou homenagens. A ministra da Cultura da Argélia, Khalida Toumi, lembrou o legado do arquiteto ao país.
“Sua aventura argelina, como ele gostava de dizer, começou nos anos 1970: ele atendeu ao pedido de Argel desenhando as grandes obras da Universidade Houri Boumediene de Bab Ezzouar (em Argel) e a de Constantine (ao leste do país)”, lembrou Toumi. “Niemeyer deixou sua marca através de obras na Argélia que são referência para as jovens gerações de arquitetos em escala local e internacional”.
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Niemeyer também desenhou e concebeu a escola de arquitetura de El Harrach (subúrbio de Argel), e o ginásio multiesportivo, em forma de cúpula, entre outras obras.
Em maio de 2012, Niemeyer voltou a trabalhar para o país africano, assinando uma de suas últimas obras, a Biblioteca Árabe Sul-Americana de Argel, “O projeto foi iniciado em 2005 pelo presidente Abdelaziz Bouteflika em ocasião da cúpula Árabe-Sul-Americana e que deverá ser concluído em 2013 na cidade de Zéralda (30 km a oeste de Argel)”, lembra a ministra no comunicado.
América do Sul
Na América do Sul, Niemeyer foi nomeado nesta quinta-feira (07) “Cidadão Ilustre do Mercosul post mortem” pelos chanceleres do bloco reunidos na capital brasileira.
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, expressou “seu profundo pesar” e destacou que a Cúpula do Mercosul, realizada em Brasília, ocorre sob “o cálido abrigo dos frutos de sua criatividade”. “Seu compromisso com os pobres da Terra e com a justiça social é mais firme que o concreto com que desenhou o rosto de Brasília”, disse o presidente venezuelano, em comunicado emitido pelo Ministério venezuelano das Relações Exteriores.
“Amigo querido, eterno camarada, na curva que desenhaste sempre poderemos encontrar a reta de teus propósitos e recordaremos teus simples, mas gigantescos, desejos: 'ser simples, criar um mundo igualitário para todos, olhar as pessoas com otimismo. Eu não quero nada mais além da felicidade geral”, concluiu Chávez.
Em Cuba, o presidente Raúl Castro afirmou que o arquiteto era “amigo incondicional da revolução Cubana”: “Receba nossas condolências e os profundos sentimentos de solidariedade perante a perda do querido amigo Oscar Niemeyer, um filho ilustre do Brasil, a quem a humanidade lembrará sempre por sua dimensão artística e humana”, disse Raúl Castro, em mensagem à presidente brasileira, Dilma Rousseff.