Efe (02/02)
O presidente do governo espanhol Mariano Rajoy negou enfaticamente neste sábado (02/02) seu envolvimento na trama de corrupção desvelada pelo jornal El País na última quinta-feira (31/01). “Nunca recebi ou reparti dinheiro ilegal neste partido ou em nenhuma parte”, afirmou Rajoy na sede do PP (Partido Popular) em Madri, durante uma conferência de emergência convocada após a grande repercussão das denúncias.
Rajoy ainda afirmou que ganhava mais em sua profissão antes de entrar para a política. “Não vim para a política para ganhar a vida. […] Estou na política porque quero mudar as coisas”, explicou. O presidente também enfatizou que não irá renunciar e que “o PP não tem nem teve contas em um país estrangeiro e nunca deu ordens de abrir conta em um país estrangeiro”.
(À esquerda: presidente do governo espanhol Mariano Rajoy se prepara para discursar)
O nome do presidente espanhol aparecia em documentos que o jornal El Pais atribuiu ao ex-tesoureiro do PP Luis Bárcenas e que conteria anotações de um esquema de financiamento ilegal do partido. Segundo a denúncia, Rajoy ganhou um salário extraoficial do PP durante 11 anos. “Eu pretendo explicar como presidente do partido e presidente do governo que o que dizem de mim e o que atribuem a mim é falso”, enfatizou Rajoy.
“Eu me comprometo pessoalmente e a todo o partido a levar esta questão com máxima transparência”, afirmou o presidente espanhol que ainda prometeu que irá disponibilizar suas declarações de renda e de patrimônio na próxima semana no site oficial do governo. Rajoy ainda disse que não tema a verdade e classificou os documentos publicados como “dados manipulados”.
Além das denúncias reveladas na quinta-feira, outro nome de grande peso do atual governo foi implicado na última sexta-feira (01/01) em um caso de corrupção. A ministra da Saúde, Ana Mato, e o seu ex-marido, Jesús Sepúlveda, ex-prefeito de uma cidade na província de Madri, foram acusados pelo juiz Pablo Ruz de envolvimento no caso Gürtel, rede de corrupção vinculada a altos funcionários do PP que afetou políticos das comunidades de Valência, Madri e Castilha e León.
NULL
NULL
Segundo o informe divulgado pelo juiz, o casal recebeu dinheiro, passagens de avião e artigos de luxo de empresas e indivíduos que participavam da trama. As diversas denúncias de corrupção levaram dois políticos a deixarem o partido nesta sexta-feira. Eduardo Junquera, do PP da região de Astúrias, e David Pasarin-Gegunde, do PP basco, anunciaram em coletivas de imprensa que iriam abandonar a legenda.
Caso Bárcenas
Os documentos divulgados pelo El País seriam de Luis Bárcenas, ex-tesoureiro e ex-senador pelo PP. Ele manteve até 2009 uma conta na Suíça que, entre os anos de 2005 e 2009, teve um saldo médio de 15 milhões de euros. Segundo o juiz espanhol Pablo Ruz, a conta alcançou 22 milhões de euros em 2007.
Efe (02/02)
Dezenas de pessoas se concentraram na frente da sede do PP em Madri para protestar contra o escândalo e corrupção
O ex-tesoureiro regularizou no ano passado 10 milhões de euros provenientes de suas contas na Suíça. O advogado de Bárcenas afirmou no dia 18 de janeiro que o político aproveitou o período de anistia fiscal aprovada pelo governo Rajoy. O indulto fiscal vigorou entre 31 de março e 30 de novembro de 2012 e permitia que os espanhóis legalizassem os seus bens ocultos ao fisco pagando 10% ao Estado, quantidade que representa menos da metade dos impostos que deveriam pagar pelo processo regular.