Atualizada às 00h09
O candidato derrotado na eleição venezuelana Henrique Capriles afirmou, nesta quarta-feira (24/04), que o pleito realizado dia 14 de abril foi roubado e exigiu que o CNE (Conselho Nacional Eleitoral) anuncie até amanhã o dia do início da auditoria, prometida pelo órgão eleitoral. Desde antes das eleições Capriles depositou dúvidas sobre o CNE, que, por sua vez informou na semana passada que a auditoria não irá alterar o resultado, ao contrário do que vem dizendo o opositor.
Nesta quarta, a transmissão por emissoras privadas do discurso de Capriles, feito antes de uma coletiva, foi interrompida por uma rede nacional de rádio e televisão sobre a onda de violência pós-eleitoral. O som de panelas, que havia acabado nos últimos dias, imediatamente voltou a ser escutado em Caracas.
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Capriles qualificou a cadeia nacional de “infâmia” e disse manipular suas declarações. Desde 15 de abril, data em que a maior parte das agressões foi registrada, 10 venezuelanos identificados com o chavismo, de acordo com o governo, foram mortos. Mais de 70 ficaram feridos, sendo um deles após ser queimado vivo. Centros de saúde, onde trabalham médicos cubanos, foram alvos preferenciais.
Reprodução
No momento em que Capriles falava, Maduro enviou mensagens por meio de sua conta pessoal no Twitter. “(…) força total com a verdade frente ao fascismo que ameaça nossa pátria outra vez…Basta de ameaças…Justiça”, escreveu. O presidente venezuelano prometeu julgar os crimes cometidos desde a eleição e uma comissão de investigação foi anunciada pela Assembleia Nacional.
“Durante as últimas horas, uma grande quantidade de infâmias, barbaridades foram ditas, tentando me destruir, me intitulando de qualquer coisa”, criticou Capriles, sem, no entanto, comentar os assassinatos cometidos no país.
Em seguida, o opositor deu um prazo ao CNE para que o início da auditoria do processo eleitoral seja anunciado: “Esperamos até o dia de amanhã, não vamos esperar mais”, disse, complementando que também exige que todos os instrumentos utilizados na jornada eleitoral – cadernos de registro de eleitores, impressões digitais, atas das urnas eletrônicas e comprovantes de votos – sejam verificados.
A auditoria anunciada pelo CNE, no entanto, é a verificação cidadã, que segundo a normativa eleitoral, não contempla uma recontagem de votos ou a checagem de cadernos de registros de votantes, ou comparação das digitais dos mesmos. “Sob nenhum conceito, a verificação cidadã se considerará um escrutínio, nem faz parte deste ato”, expressa o regulamento.
“Esta auditoria não é uma recontagem de votos nem tem como objetivo algum a revisão dos resultados. Quando o CNE emite resultados, é porque estes são irreversíveis. Para o CNE, o evento eleitoral terminou e nossos trabalhos atuais estão enfocados na verificação de nossa plataforma”, afirmou a vice-presidente do órgão, Sandra Oblitas, no último sábado. Segundo ela, se algum candidato não está de acordo com o resultado do pleito, deve recorrer ao Tribunal Supremo de Justiça do país.
Capriles ressaltou, no entanto, que as solicitações feitas por sua aliança ao órgão eleitoral devem ser atendidas: “Se não há resposta, diremos aos país quais vão ser as seguintes ações legais, internacionais, o que vamos fazer frente a esta situação. O que fica claro é a mentira que acompanhou todo este processo, tudo o que aconteceu nestes últimos dias”, continuou, afirmando que não aceitará “uma auditoria incompleta”.
Além disso, dirigindo-se ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro, disse: “Se não acabarem as ameaças e perseguição, eu digo bem claro: não se equivoque. Vamos daqui até o fundo. Os direitos dos venezuelanos não se negociam (…) o país quer diálogo, sem perseguição. Quer resposta às considerações que foram feitas”.