Atualizada às 17h07
O Google solicitou nesta terça-feira (11/06) permissão ao governo dos Estados Unidos para publicar um resumo dos dados de usuários que foram solicitados pela administração de Barack Obama por razões de segurança nacional.
Em comunicado dirigido ao secretário de Justiça, Eric Holder, e ao diretor do FBI (polícia federal americana), Robert Müller, a empresa alega que, se publicar os números, ficaria provado que os dados aos quais teve acesso o governo americano são muito inferiores ao que se imaginou após os recentes vazamentos.
“Pedimos que ajudem a tornar possível que o Google publique em nosso Relatório de Transparência os números totais de solicitações de segurança nacional – incluindo as revelações da Fisa (Lei de Vigilância de Inteligência Estrangeira) em termos da quantidade que recebemos e seu alcance”, afirma a carta, assinada pelo chefe de assuntos legais da empresa, David Drummond.
“As afirmações na imprensa sobre o fato de nosso cumprimento destas solicitações dar acesso sem restrições ao governo dos EUA aos dados de nossos usuários são simplesmente falsas. Os números do Google mostram claramente que nosso cumprimento destas solicitações está muito longe das afirmações feitas. O Google não tem nada a ocultar”, insiste a carta.
Drummond acrescenta que a empresa “sempre deixou claro que cumpre com os requerimentos legais vigentes. E na semana passada, o Diretor de Inteligência Nacional reconheceu que os provedores de serviços receberam pedidos da Fisa”.
A reação do gigante tecnológico surge poucos dias depois que o jovem informático e ex-funcionário da CIA e da Agência Nacional de Segurança (NSA), Edward Snowden, revelou a existência de dois programas secretos de recopilação de dados telefônicos e digitais de milhões de usuários do governo dos Estados Unidos. Perante as revelações, o governo dos EUA se amparou na Fisa e no Ato Patriota, textos legislativos que permitem a recopilação de dados pessoais com propósitos antiterroristas.
Norte-americanos aceitam grampos
A maioria dos cidadãos norte-americanos acredita que o programa do governo para grampear e vigiar as chamadas telefônicas é uma medida “aceitável”, segundo pesquisa do Centro de Pesquisas Pew divulgada nesta terça-feira (11/06). e consideram que investigações sobre terrorismo devem se sobrepor à privacidade individual. No entanto, a maioria reprova a vigilância governamental na internet.
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Setor sul do Googleplex,principal e maior campus corporativo do Google
Para 56% dos entrevistados, mesmo que o monitoramento sobre as operadoras telefônicas viole princípios de privacidade, ela é considerada necessária para se enfrentar a “ameaça terrorista”. Já 41% consideram “inaceitável” a ação do governo norte-americano. A pesquisa foi feita a pedido do jornal The Washington Post. A pesquisa foi realizada por telefone entre os dias 6 e 9 de junho, com 1.004 entrevistados. A íntegra do estudo pode ser encontrada aqui.
A enquete aponta ainda que 62% dos norte-americanos acreditam ser mais importante para o governo investigar possíveis ameaças terroristas, apesar da invasão da vida privada, enquanto 34% da população afirma ser mais importante a inviolabilidade da privacidade, mesmo que isso limite a habilidade do governo em investigar possíveis ameaças terroristas.
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Esse entendimento é mais forte entre os democratas (69%) do que entre os republicanos (62%). A defesa pela investigação sobre a privacidade, no entanto, já foi mais forte no passado: 65% acreditavam nela em janeiro de 2006 e 68% em novembro de 2010, em pesquisas realizadas pelo mesmo instituto.
Ao serem perguntados se aceitam uma ampliação no atual sistema de vigilância do governo sobre as comunicações, o quadro é revertido: 52% dos entrevistados consideram inaceitável, enquanto 45% concordam.
Internet
Os norte-americanos entrevistados pelo instituto de pesquisa se mostram menos tolerantes às ações do governo em relação à internet. 52% acham que o governo não deveria ter poder de monitorar atividades na web de qualquer pessoa mesmo que para prevenir futuros ataques terroristas, enquanto 45% são favoráveis. Em julho de 2002, pouco menos de um ano após os atentados de 11 de Setembro, esse percentual era bem mais acirrado: 47% eram contra e 45% a favor.
Os jovens norte-americanos representam a parcela da população com maior resistência a investigações atingindo a privacidade, mesmo que o objetivo seja combater o terrorismo: 51% dos entrevistados entre 18 e 29 anos defendem a investigação e 45% favoráveis à privacidade. Essa diferença de opinião aumenta gradativamente com a faixa de idade até que, entre os entrevistados com mais de 65 anos, 68% são favoráveis à investigação e 26% são contra.
(*) com agências internacionais