A chanceler alemã Angela Merkel declarou nesta quarta-feira (18/09) que não há “nenhum indício” que aponte que o regime do presidente sírio, Bashar al Assad, tenha usado produtos importados da Alemanha para fabricar seu arsenal químico.
“Segundo os dados que disponho, os materiais foram destinados para usos civis”, declarou Merkel em entrevista à emissora pública ARD após a divulgação da notícia de que a Alemanha teria exportado para a Síria mais de 130 toneladas de produtos químicos que poderiam ser usados usados na fabricação de gás sarin entre 2002 e 2006.
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Foram enviados para o país árabe fluoruro de hidrogênio, fluoruro de amônia e fluoruro de sódio, assim como cianureto de potássio e de sódio. Essas substâncias, que só podem ser vendidas após autorização governamental, podem ser utilizadas tanto civil (para fabricar pasta de dente, por exemplo) quanto militarmente (na fabricação de armas químicas).
Agência Efe
Substâncias químicas foram enviadas à Síria nos governos de Gerhard Schröder (esq.) e Angela Merkel
Schröder e Merkel
Os números vieram à tona depois que o Executivo alemão respondeu uma consulta parlamentar do partido “A Esquerda”, na qual confirmou as exportações à Síria durante a última legislatura do chanceler socialdemocrata Gerhard Schröder (2002-2005), que governou junto aos Verdes, e a primeira de Merkel, uma grande coalizão de democratas-cristãos e socialdemocratas.
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Em relação ao relatório dos inspetores das Nações Unidas que constatou um ataque com armas químicas nos arredores de Damasco no último dia 21 de agosto, a chanceler alemã assinalou que há “fortes indícios” que apontam o regime de Bashar al Assad como responsável.
Após insistir na necessidade do Tribunal Penal Internacional julgar os culpados, Merkel assegurou que a Alemanha acompanhará de perto o cumprimento do plano desenhado pelos EUA e Rússia para destruir o arsenal químico sírio.
“Não contam as palavras, mas os fatos”, completou Merkel, antes de insistir que um ataque químico contra a população civil não deve ficar sem castigo.
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O governo de Bashar Al Assad está sob pressão internacional por causa de um ataque com armas químicas já confirmado pela ONU. As Nações Unidas não culparam o diretamente pelo uso das substâncias, mas EUA, Reino Unido e França dizem não ter dúvidas do envolvimento dele.
Na semana passada, o secretário de Estado norte-americano John Kerry e o chanceler russo Sergey Lavrov fecharam um acordo que obriga Assad a entregar até o final da semana uma listagem com todas as armas químicas em posse do governo, sob risco de uma intervenção militar dos EUA.