Atualizada às 08:35
Por meio do Twitter, a milícia radical islâmica somali Al Shabab, ligada à Al Qaeda, assumiu a autoria do ataque armado contra um centro comercial em Nairóbi que, neste sábado (21/09), já deixou dezenas de mortos e feridos, garantindo que matou “mais de cem” pessoas na ação em represália à presença de militares do Quênia na missão da ONU na Somália.
Segundo o ministro do Interior queniano, Joseph Ole Lenku, pelo menos 59 pessoas morreram até agora e 175 ficaram feridas no ataque.
Lenku assegurou que as autoridades quenianas têm o controle do circuito de segurança do edifício e que sabem onde os agressores estão, mas optou por não revelá-lo “por motivos de segurança”. Ele também afirmou que “entre dez e quinze” pessoas são responsáveis pelo ataque, enquanto a polícia local diz que ao menos um dos atiradores já foi preso.
“Al Shabab confirma que está por trás do espetáculo [do shopping] de Westgate”, afirmou o grupo em sua conta oficial, @HSM_Press. “Os mujahedin (guerrilheiros islâmicos) entraram no centro comercial de Westgate hoje por volta do meio-dia e seguem dentro do complexo, lutando contra os kuffars (palavra depreciativa que alguns muçulmanos usam para se referir aos infiéis) quenianos em seu próprio terreno”, disse outra mensagem da milícia.
The Kenyan government, however, turned a deaf ear to our repeated warnings and continued to massacre innocent Muslims in Somalia #Westgate
— HSM Press Office (@HSM_Press) September 21, 2013
O grupo disse que atuou em represália pela presença das Forças Armadas do Quênia na Somália como parte da missão da ONU de apoio ao governo deste país contra as milícias islamitas como a Al Shabab. “As forças de defesa do Quênia atuam na Somália e isto tem consequências. Dias negros se aproximam”, disse a organização.
Horas antes, também por meio do Twitter, a milícia afirmou que o ataque de Nairóbi seria uma “longa odisseia”. “Lembram de Bombaim? Vai ser uma longa odisseia”, alertaram os terroristas, em alusão aos ataques em 2010 a hotéis de luxo, estações de trens e um centro cultural judaico na cidade indiana, que terminaram com 166 mortos após o grupo fazer centenas de reféns.
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Agora, o grupo diz que tem gravações de voz do ataque no shopping, que devem ser liberadas ao público em breve. Em Mogadíscio, capital da Somália, um ataque com granadas também deixou dezenas de feridos.
Governo
O ministro de Interior do Quênia, Mutea Iringo, já se pronunciou em nome das autoridades oficiais dizendo que o governo “não retrocederá na guerra” nem “correrá riscos” para controlar o ataque supostamente perpetrado pelo Al Shabab.
The attack at #WestgateMall is just a very tiny fraction of what Muslims in Somalia experience at the hands of Kenyan invaders. #Wetsgate
— HSM Press Office (@HSM_Press) September 21, 2013
“Reforçamos a segurança em todos os shoppings da cidade”, afirmou o ministro, que enviou uma mensagem de “tranquilidade” aos quenianos em entrevista coletiva para informar sobre a situação no shopping Westgate, um dos mais luxuosos de Nairóbi. O ministro do Interior pediu “calma a todos os quenianos” e disse que as autoridades estavam tomando “todas as medidas necessárias para conter a situação”. “Os serviços de segurança em breve terão a situação sob controle”, garantiu.
Iringo explicou que as forças de segurança quenianas reforçaram suas equipes de resgate, em colaboração com o Centro Nacional de Operações de Desastres e a Cruz Vermelha. “Não estamos assumindo riscos e destacamos serviços de segurança suficientes no lugar, incluindo unidades especializadas”, assegurou.
Reprodução
Civis são socorridos no Quênia após ataque a shopping Westgate, reivindicado pelo grupo Al Shabab
As equipes especiais de segurança conseguiram entrar no shopping e ainda estão retirando civis de dentro do local.
O presidente Uhuru Kenyatta declarou ter perdido alguns familiares no atentado. “Eu mesmo perdi membros da minha família no ataque”, afirmou em um discurso dirigido à nação. Ele também disse que o Quênia “vencerá” seus inimidos, como fez em ocasiões anteriores.
Reação internacional
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, expressou alarme com o atentado e conversou com o presidente queniano sobre o assunto. De acordo com ele, as Nações Unidas estão observando com atenção o desenrolar do caso.
Já os EUA, por meio da porta-voz do Departamento de Estado, Marie Harf, confirmaram que vários norte-americanos foram feridos no ataque, mas disseram que, “por motivos de privacidade”, não era possível fornecer mais “detalhes sobre cidadãos norte-americanos por enquanto”. O país classificou o ocorrido como “um ato sem sentido de violência”.