O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu neste sábado (05/10) ao Congresso que deixe de lado a “farsa” e aprove um orçamento federal “sem condições” para resolver o fechamento parcial do governo, horas antes de o Legislativo votar uma medida para autorizar despesas.
“Só há uma maneira de sair desse insensato e prejudicial fechamento do governo: que aprovem um orçamento que financie nosso governo, sem condições partidárias”, disse Obama durante seu discurso de sábado, veiculado na rádio e na internet.
“O Senado já fez isso e há republicanos e democratas suficientes na Câmara dos Representantes dispostos a fazer o mesmo e acabar imediatamente com esse fechamento” do governo, argumentou.
Agência Efe
Obama e seu vice, Joe Biden, durante visita a restaurante, nesta sexta-feira
Como em outras ocasiões, Obama se queixou de que “a extrema direita” do Partido Republicano não permita que o presidente da câmara baixa, o republicano John Boehner, submeta o orçamento do ano fiscal 2014 a um simples voto de “sim ou não”. “Façam esse voto, parem com essa farsa, acabem com esse fechamento agora”, criticou.
Obama voltou a acusar os republicanos de provocarem um fechamento parcial da máquina burocrática federal – que afeta cerca de 800 mil empregados públicos – porque se opõem à reforma da saúde de 2010.
A maioria dos republicanos continua insistindo em anular ou adiar o início dessa lei dentro do processo orçamentário, por considerá-la uma ingerência cara do governo na economia. Também acusam Obama de intransigência nesse debate, que continua sem sinais de solução e hoje entrou em seu quinto dia.
Após uma reunião a portas fechadas na sexta-feira com a bancada republicana da câmara baixa, Boehner reiterou sua negativa em submeter a votação uma medida de despesas orçamentários incondicional, como a Casa Branca exige.
Em vez de uma extensão de seis semanas nos fundos para reativar a burocracia federal, os republicanos preveem começar a votar a partir de hoje mesmo uma série de medidas para restabelecer alguns dos programas federais, incluindo temas como segurança fronteiriça, educação pré-escolar e desastres naturais.
Prevê-se que a câmara baixa submeta a votação hoje uma medida que autorize o pagamento retroativo dos empregados públicos afetados pelo primeiro fechamento parcial do governo em 17 anos. O Senado, sob controle democrata, disse que rejeitará medidas a conta-gotas e que todo o orçamento federal deve ser aprovado, enquanto a Casa Branca diz que Obama também vetará medidas parciais.
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A hierarquia democrata da câmara baixa convocou uma entrevista coletiva às 15h locais de hoje (18h de Brasília) para divulgar sua proposta para resolver a crise.
As consequências econômicas da paralisação em Washington incluem a interrupção de serviços, a suspensão de salários para a força de trabalho federal, danos ao turismo, entre outros.
Segundo o Escritório de Gestão e Orçamento da Casa Branca, o fechamento parcial do governo entre dezembro de 1995 e janeiro de 1996 custou aos contribuintes pelo menos US$ 1,4 bilhão. Em seu discurso de hoje, Obama leu parte de algumas das mais de 30 mil cartas de soldados, empresários e cidadãos que lhe escreveram sobre o impacto da crise em suas famílias.
“Nossa democracia não funciona como estão pensando. Não pagarei um resgate em troca da reabertura do governo e certamente não pagarei um resgate para elevar o teto da dívida”, anunciou. O presidente se referia à outra batalha próxima nos corredores do Congresso: o aumento do teto da dívida nacional de US$ 16,7 trilhões, segundo o Departamento do Tesouro, acontecerá no dia 17 deste mês. Os republicanos exigem maiores cortes fiscais em troca de aumentá-lo.
Obama reiterou sua vontade de trabalhar com democratas e republicanos para fomentar o crescimento econômico, a criação de empregos e a disciplina fiscal, mas “não sob a sombra dessas ameaças a nossa economia”.
(*) com Agência Efe