O primeiro-ministro da Ucrânia, Nikolai Azárov, afirmou nesta sexta-feira (22/11) que a política do Fundo Monetário Internacional (FMI) é “a gota que transborda o copo” que fez Kiev desistir, por enquanto, da assinatura do Acordo de Associação com a União Europeia.
“A última gota foi a postura do FMI, exposta em carta em 20 de novembro”, apontou Azárov em seu discurso na Rada Suprema (Parlamento) para explicar aos deputados as razões que levaram o governo a suspender, faltando uma semana, a assinatura do Acordo de Associação com os 28.
O primeiro-ministro criticou as duras exigências do FMI para refinanciar os créditos concedidos à Ucrânia em 2008 e 2010: “aumento das tarifas de gás e calefação para a população em 40%, congelamento dos salários, notório corte do gasto público e corte das subvenções energéticas”.
Agência Efe
Deputados da oposição tentaram impedir o discurso do primeiro-ministro Nikolai Azaróv no Parlamento
“O FMI nos impôs condições para nos outorgar um crédito equivalente à quantidade que necessitamos para pagar precisamente nossa dívida com o próprio FMI”, lamentou Azárov, segundo os meios de comunicação locais.
Ao mesmo tempo, o chefe do governo ucraniano lembrou que Bruxelas não respondeu sobre como a Ucrânia pode compensar a perda dos mercados da União Aduaneira formada pela Rússia, Belarus e Cazaquistão que suporia a associação com a UE.
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“É óbvio que a primeira questão para o Governo é a normalização das relações com a Federação da Rússia e a resolução de todos os pleitos” com este país, disse Azárov.
O primeiro-ministro advertiu que a drástica redução que sofreu nos últimos meses a troca comercial com a Rússia, motivada, segundo alguns analistas, pela iminente assinatura do Acordo de Associação, é uma séria ameaça para a economia ucraniana.
O líder lembrou que recentemente a agência de qualificação de riscos Fitch rebaixou a nota da Ucrânia a partir da piora das relações econômicas e comerciais russo-ucranianas.
“Parar a assinatura do acordo de associação é difícil, mas é a única saída possível na situação econômica atual”, insistiu Azárov, que acrescentou que a decisão é baseada em “causas exclusivamente econômicas e não muda a estratégia do desenvolvimento da Ucrânia”, orientada rumo à integração com a União Europeia.
O governo ucraniano decidiu ontem de maneira unilateral suspender os preparativos para a assinatura do acordo de associação prevista para a cúpula da Associação Oriental de 28 e 29 de novembro em Vilnius.
A Ucrânia aposta pelo início de novas negociações entre Kiev, Moscou e Bruxelas para limar as asperezas “e avançar por um caminho que não suponha perdas catastróficas para a economia da Ucrânia”, reiterou hoje o primeiro-ministro.
“Nossos parceiros (russos) estão preocupados pela possível entrada através da Ucrânia (em seu mercado) de produtos europeus sem encargos alfandegários. Por isso, se propôs a realizar negociações para regular estas questões”, disse.
A oposição em bloco tentou impedir o discurso de Azárov na Rada, com gritos de protesto, e também com lançamento de papéis e jornais à tribuna ocupada por membros do governo.