O Senado do Paraguai aprovou nesta terça-feira (10/12) o protocolo de adesão da Venezuela ao Mercosul. Na última quinta-feira (05/12), o presidente, Horacio Cartes, já havia assinado o documento, que segue agora para ser analisado pela Câmara dos Deputados.
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O protocolo foi aprovado por 29 votos a favor e 10 contra, além de uma abstenção e cinco ausências. Votaram favoravelmente os senadores do Partido Colorado, da Frente Guasú e do Avança País. Os senadores do PLRA (Partido Liberal Radical Autêntico) se opuseram à proposição.
Agência Efe
Senadores paraguaios participaram de sessão extraordinária em que aprovaram o protocolo de adesão da Venezuela ao Mercosul
A Câmara Alta paraguaia, mesmo antes de o país ser suspenso pelo bloco em razão do golpe de Estado contra o ex-presidente Fernando Lugo em junho de 2012, barrava a entrada dos venezuelanos desde 2006. A Venezuela exerce atualmente a presidência temporária do Mercosul, e a decisão do Paraguai não trará qualquer mudança no status do país no bloco.
Explicações
Os congressistas colorados, que sempre se opuseram no passado à entrada da Venezuela, afirmaram que as divergências entre os dois países ficaram no passado.
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A senadora Emilia Alfaro, dos Liberais, questionou a decisão e perguntou “o que há por trás” do repentino apoio colorado à Venezuela. Ela é mulher do ex-presidente Frederico Franco, que assumiu o poder no país após o impeachment de Lugo, e afirmou que o ingresso dos venezuelanos no Mercosul seria “uma traição a todos os setores que se destacaram em defesa da dignidade paraguaia” durante a crise política do país com seus vizinhos.
Já o senador Juan Carlos Galaverna, dos Colorados, justificou sua mudança de posição dizendo que a postura anterior sua e de seu partido obedecia ao fato de que, na época do então presidente Lugo, este tentava impor ao Paraguai o modelo de Hugo Chávez [ex-presidente venezuelano (1999-2013), morto em março em razão de um câncer]”.
“Vivíamos uma conjuntura geopolítica onde se perfilava um projeto de dominação continental e um projeto de perpetuação dos presidentes de então nos diferentes países sul-americanos”, disse o dirigente ao jornal ABC Color, afirmando que essa realidade não existe mais.
Entenda o caso
Argentina, Brasil e Uruguai suspenderam o Paraguai do bloco sul-americano por mais de um ano, entre junho de 2012 e julho de 2013, devido ao golpe de Estado contra o presidente Fernando Lugo.
Com a ausência do país, não havia impedimento para a adesão da Venezuela, já que os outros três países-membros já haviam aprovado seu ingresso. O Paraguai sempre discordou da decisão, alegando nunca ter rompido com a cláusula democrática da associação. A entrada de um novo membro no bloco precisa ser aprovada por todos os integrantes.
A partir da posse de Cartes, em agosto deste ano, o Paraguai foi autorizado a retornar ao grupo. O presidente paraguaio, no entanto, havia dito que seu país só retornaria às reuniões do Mercosul quando Caracas deixasse a Presidência, o que acontece no primeiro semestre de 2014.