Após o histórico fracasso do PS (Partido Socialista) do presidente François Hollande nas eleições municipais na França no dia anterior (30/03), o primeiro-ministro, Jean-Marc Ayrault, apresentou sua renúncia ao cargo nesta segunda-feira (31/03). O anúncio foi confirmado em breve comunicado após uma reunião de duas horas com Hollande. “O governo de Ayrault foi bem-sucedido e corajoso. Ele se engajou em suas reformas políticas que honraram àqueles que nele votaram”, afirmou o presidente francês.
Efe
Após apresentar renúncia ao cargo, primeiro-ministro da França, Jean-Marc Ayrault, se despede do Palácio do Eliseu, em Paris
O substituto à frente do novo Executivo é o atual ministro do Interior, Manuel Valls. “Este é o momento de abrir uma nova etapa. Eu confio em Valls para a missão de conduzir o governo da França”, declarou Hollande. “Ele é um profissional, faz suas tarefas de maneira séria e provou muitas qualidades durante a campanha presidencial”, acrescentou. No anúncio, o chefe de Estado também indicou que a equipe governamental será “unida e coerente”. “Um governo de combate” definiu.
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Ayrault chegou ao posto de primeiro-ministro em maio de 2012 após a vitória de Hollande na disputa com Nicolas Sarkozy pelas eleições presidenciais. Contudo, nos últimos meses, o premiê observou sua popularidade despencar, assim como a do próprio presidente e do partido deles.
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Derrota histórica
Nas eleições de domingo, a direita tradicional conquistou um total de 45,9% dos votos, enquanto a esquerda ficou com 40,6% e a extrema-direita com 6,6%. A taxa de abstenção bateu mais uma vez todos os recordes, chegando a 36,45%, apesar dos apelos da esquerda para a população sair de casa para votar. Na França o voto não é obrigatório e a baixa participação no pleito foi interpretada pelo governo como uma avaliação negativa dos rumos da política atual.
Amanda Lourenço/Opera Mundi
Funcionários de órgão eleitoral fazem apuração de pleito municipal no primeiro turno, realizado no domingo (23/03)
O Partido Socialista foi considerado o grande perdedor das eleições. Eduardo Cypel, deputado e porta-voz do PS, disse em entrevista a Opera Mundi que o desempenho de seu partido é resultado de “uma raiva eleitoral que se produz no voto”, mas também garante que “o recado foi recebido”.
Diante deste panorama, um remanejamento no quadro administrativo já estava previsto para esta semana. A saída de Ayrault era uma das principais possibilidades em discussão.