A maior eleição legislativa do mundo começou na Índia nesta segunda-feira (07/04), nas cidades de Assam e Tripura, região ao nordeste da península. Com uma população de 1,2 bilhão de pessoas e 814 milhões de eleitores, o país representa um colégio eleitoral superior ao total populacional dos Estados Unidos e da Europa Ocidental juntos.
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Pleito na Índia tem colégio eleitoral jovem: mais de 65% dos eleitores tem menos de 35 anos e 10% destes votarão pela primeira vez
Devido à falta de infraestrutura, o processo eleitoral deste porte não poderá ser realizado em apenas um dia. Por isso, o país renovará o governo local em nove fases ao longo de seis semanas. A votação definirá o próximo primeiro-ministro indiano e os 543 novos membros da câmara baixa do Parlamento. O pleito vai durar até o dia 12 de maio e os resultados estão previstos para serem divulgados quatro dias depois.
Pessoas que irão às urnas pela primeira vez representam 10% dos eleitores. Isso porque a população indiana é extremamente jovem: mais da metade tem menos de 25 anos e mais de 65% do colégio eleitoral tem menos de 35 anos. Preocupados com a falta de emprego, a persistente inflação e com os frequentes casos de corrupção, os jovens indianos buscam mudanças, apontam pesquisas.
A recente força do público feminino também é um fator a ser levado em conta. Pela primeira vez, as mulheres têm uma representatividade consistente, formando 48,5% do colégio eleitoral indiano. O medo da violência e a necessidade de segurança são algumas das principais demandas das mulheres, com o aumento de casos de estupros no país. “Eu voto, pois precisamos de mudanças. Nossa área permanece subdesenvolvida mesmo 67 anos após a independência”, disse Rumi Nath, uma dona de casa de 36 anos, à Al Jazeera.
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Mulheres indianas representam 48,5% do colégio eleitoral: reivindicação por mais segurança e menos violência de gênero
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Guinada à direita
Segundo enquetes recentes, tal discurso pela mudança deve levar ao poder a oposição nacionalista hindu, do BJP (Partido do Povo Indiano), centrado no desenvolvimento e na economia. Quem está cotado como favorito para assumir o posto de primeiro-ministro é o direitista Narendra Modi, que já governou o estado de Gujarat três vezes. “Nos últimos seis meses, tem se falado em todo o país de mudar o futuro da Índia, de desenvolvimento, de emprego para os jovens e de respeito às mulheres”, afirmou Modi, em um comício, segundo a AFP.
Se o candidato ganhar força durante as próximas semanas da maratona eleitoral, o BJP desbancará 10 anos de predomínio do Partido do Congresso, da dinastia Nehru-Gandhi, cujo candidato ao cargo de premiê é Rahul Gandhi. No entanto, um dos principais receios são os impactos religiosos que essa votação poderá proporcionar. Visto de modo hostil pelos muçulmanos, Modi ficou conhecido por distúrbios religiosos em Gujarat em 2002. Na ocasião, mais de mil pessoas, a maioria muçulmanas, morreram em uma explosão de violência quando Modi era o governador.
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Cotado como favorito para cargo de primeiro-ministro, Narendra Modi ficou conhecido por distúrbios religiosos em Gujarat em 2002