O governo central da Ucrânia lançou nesta terça-feira (15/04) uma operação militar “antiterrorista” para tentar debelar as manifestações e ocupações de prédios públicos feitas por grupos pró-Rússia no leste do país. Desde a crise que derrubou o presidente Viktor Yanukovich em fevereiro, é a primeira vez que Kiev faz uso ostensivo de contingentes militares para combater as demonstrações separatistas que pedem por mais autonomia e menos interferência ocidental. Tropas, aviões, helicópteros e forças especiais foram deslocadas para as cidades de Slovyansk e Kramatorsk, onde o aeroporto que estava sob o controle de opositores armados foi retomado.
“Eles devem ser avisados de que, se não depuserem suas armas, serão destruídos”, disse à AFP o general Vasily Krutov, um dos líderes da operação e vice-chefe do serviço secreto da Ucrânia. “Os ultimatos são coisa de civis. Esta é uma operação militar”, acrescentou Krutov, indicando que não haverá mais espaço para negociação enquanto o Exército “combate os invasores estrangeiros”.
Leia também: Candidata à presidência, Yulia Timoshenko cria milícias voluntárias de “resistência” na Ucrânia
Agência Efe
Operação militar “antiterrorista” de Kiev deslocou helicópteros, tanques e tropas especiais para combater opositores no leste
Nenhum oficial ucraniano ficou ferido na ação do aeroporto de Kramatorsk. Quanto aos manifestantes anti-Kiev, as informações dão conta de que quatro pessoas foram mortas e outras duas estão feridas. Não se sabe ao certo qual lado disparou primeiro; enquanto Krutov afirma que seus oficiais foram obrigados a responder ao tiroteio, há relatos entre a população local de que os ucranianos estariam disparando contra pessoas portando bastões.
Reação internacional
O primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, disse hoje que a Ucrânia está “à beira de uma guerra civil”. Durante uma conversa telefônica com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, o presidente Vladimir Putin — que também havia conversado mais cedo com Obama sobre o assunto — pediu que a comunidade internacional condene essas ações “inconstitucionais” tomadas por Kiev no leste da Ucrânia.
NULL
NULL
Ban Ki-moon, por sua vez, disse que a “situação altamente volátil” da região é alarmante. “Qualquer aprofundamento da crise poderá ser profundamente prejudicial a todos os envolvidos”, afirmou o secretário-geral, em comunicado de imprensa.
Agência Efe
Putin pediu que ONU condenasse ação militar “inconstitucional” da Ucrânia; Casa Branca manifestou apoio à operação
Os EUA manifestaram seu apoio à operação antiterrorista lançada hoje na Ucrânia. Para Washington, os atos dos grupos pró-Rússia criaram uma situação diante da qual o governo ucraniano foi obrigado a responder. “Entendemos que o governo da Ucrânia está trabalhando para tentar acalmar a situação”, disse Jay Carney, porta-voz da Casa Branca, ressaltando a “abordagem comedida” que as forças de segurança têm produzido até o momento.
Prazo expirado
A militarização da crise se concretizou um dia depois do fim do prazo dado pelo presidente interino, Aleksandr Turchinov, para que os grupos armados pró-Rússia desocupassem os prédios públicos. Diante da resistência dos manifestantes, Kiev decidiu levar a cabo a operação militar “antiterror” e deslocar suas forças especiais de combate.
A exemplo do que ocorreu primeiramente na península da Crimeia, demonstrações separatistas clamando por mais autonomia e federalização do país se espalharam por cerca de 10 cidades no leste da Ucrânia. O governo interino de Kiev — tal como autoridades da Otan (aliança militar ocidental) — afirmam que a atuação dos homens armados tem a interferência direta do Exército russo; Moscou nega a acusação.