O ex-presidente do Equador Jamil Mahuad (1998-2000), de 64 anos, foi incluído na lista vermelha da Interpol (Polícia Internacional) nesta terça-feira (27/05). O indicador significa que ele poderá ser detido em qualquer lugar do mundo. Ele é acusado pela Justiça equatoriana de ter realizado um resgate financeiro que destinou recursos do Estado para atender aos problemas dos bancos privados que financiaram sua campanha presidencial.
Mahuad é procurado no Equador pelo crime de peculato “crime comum contra a Administração Pública que consta na Lei penal de quase todos os países do mundo”, afirmou a juíza Ximena Vintimilla.
Em uma coletiva de imprensa, o ministro do Interior, José Serrano, esclareceu que “a difusão da Interpol classifica Mahuad como culpado de um crime comum de peculato e não como um crime político” e ressaltou que a declaração é fruto de um “minucioso” trabalho desenvolvido pelo órgão público em conjunto com a Polícia Nacional.
Interpol situa con difusion roja a Jamil Mahuad por Peculado…un trabajo minucioso q hemos llevado de informacion, determina esta accion
— jose serrano salgado (@ppsesa) 27 maio 2014
Acrescentou que “obviamente a Polícia em todas as instâncias dos Estados Unidos tem esta informação, aspiramos que imediatamente se dê a detenção para que possamos começar o processo de extradição”.
Histórico
Durante o mandato de Mahuad ocorreu a crise financeira de 1999, quando 21 dos 42 bancos equatorianos, além de diversas instituições financeiras quebraram.
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À época, foi ordenado o congelamento dos depósitos bancários para, segundo o Ministério Público, beneficiar os proprietários, gerentes ou administradores de bancos, o que foi considerado uma violação da Constituição. Junto a isso, a emissão de papel-moeda para conter a crise aumentou a inflação para níveis nunca vistos, assim como a cotação do dólar, que foi assumido como moeda oficial em substituição ao Sucre.
A crise e seus efeitos provocaram uma grande onda de emigração de equatorianos a outros países como Espanha e Itália. Estima-se que as ações tenham causado mais de US$ 8 bilhões de prejuízo a milhares de cidadãos em decorrência do feriado bancário que durou cindo dias.
Em 21 de janeiro de 2000, uma revolta popular liderada pela Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie) e um grupo de militares independentes, liderados pelo Coronel Lúcio Gutiérrez exigiram a renúncia de Mahuad como resposta aos planos econômicos. Na mesma noite, ele foi substituído pelo vice-presidente Gustavo Noboa.