A inauguração da 48ª edição da Feira Internacional do Livro de Buenos Aires, celebrada na noite de quinta-feira (25/04), foi marcada por duras críticas contra a gestão ultraliberal do mandatário argentino, Javier Milei.
O presidente da Fundação El Libro, Alejandro Vaccaro, responsável pela organização do evento, considerou o momento como “um farol cultural no meio da escuridão”, em referência aos cortes maciços do governo no financiamento público, sobretudo na cultura.
“Participar da feira, este ano, representa um ato de rebeldia e resistência. Como nunca antes, este espaço plural e ativo será o eixo central em torno do qual girará o repúdio de todas as forças culturais contra as políticas devastadoras propostas por este governo”, afirmou Vaccaro, prevendo que a produção de livros em 2024 será “muito pobre”.
“As medidas econômicas tomadas das mais altas esferas de governo nos arrastam impiedosamente para um mundo muito, muito distante, para o paraíso que (o escritor argentino Jorge Luis) Borges imaginou”, lamentou o intelectual.
A 48ª edição do evento, que se realiza nas instalações da Sociedade Rural, acontece entre 25 de abril a 13 de maio. E ela, pela primeira vez, não recebe apoio da gestão central.
Vaccaro afirmou que não há memória de uma feira em que o governo tenha se oposto a contribuir e considerou que “a desculpa de que a participação do Estado Nacional na feira implicava um gasto de 300 milhões de pesos (argentinos) não passa de uma mentira descarada”.
“Depois de uma árdua negociação, na qual concordamos com todas as suas exigências, o Banco Nacional decidiu retirar, depois de muitos anos, o seu patrocínio à Feira, fazendo saber que a ordem vinha ‘de cima’”, revelou o escritor.
Segundo os organizadores, a Feira do Livro de Buenos Aires é a mais movimentada do mundo de língua espanhola. Durante as suas quase três semanas de duração, o evento recebe mais de um milhão de leitores e mais de 12 mil profissionais do livro.
A cerimônia de quinta-feira contou com a intervenção do embaixador de Portugal, José Ludovice, como representante de Lisboa, cidade convidada de honra da feira, na ausência do presidente da autarquia, Carlos Moedas, que ficou no país europeu para participar das celebrações da data histórica de 25 de abril.
“É uma honra estar aqui no dia em que celebramos 50 anos da Revolução dos Cravos, que permitiu ao povo conquistar a liberdade, a democracia e a dignidade. Se não tivesse ocorrido, não estaríamos hoje aqui convosco. É um dia memorável para nós”, declarou o português.
(*) Com Telesur