Em mais uma capítulo da briga entre a gigante de vendas online Amazon e a editora francesa Hachette, mais de 900 autores norte-americanos — alguns dos quais nomes conhecidos por seus best-sellers, como Stephen King, John Grisham, Nora Roberts e Paul Auster — publicaram neste final de semana uma carta aberta exigindo que a Amazon deixe de criar obstáculos comerciais atrapalhando a venda de suas obras.
“Nenhum livreiro deve bloquear a venda de livros, impedir ou desencorajar os clientes de encomendar ou receber os livros que desejam”, assinala o documento, de autoria do grupo que se autointitula Authors United. E completa: “Não é justo que a Amazon exclua um grupo de autores para realizar uma vingança seletiva”.
Flickr/Andrew Mason/CC
Briga da Amazon com a editora Hachette gira em torno dos termos de comercialização de livros de digitais, os chamados e-books
Mais do que uma disputa comercial sobre os termos de comercialização de livros no formato digital, os chamados e-books, a briga entre a Amazon e a editora Hachette, cuja filial nos EUA está entre os cinco maiores selos do país, adquiriu recentemente aspectos de “picuinha” pessoal — o autor norte-americano Douglas Preston, responsável pela redação da carta, acusa a Amazon de praticar “bullying” contra os escritores: “Sempre que têm dificuldades de negociar com uma editora, usam os livros dos autores para uma retaliação seletiva”, afirma Preston, em entrevista concedida ao site Salon.
No dia anterior à publicação do manifesto, a empresa de Jeff Bezos havia postado, em um comunicado online e também em uma mensagem direcionada a toda sua carta de autores Kindle, o endereço de e-mail do executivo-chefe da Hachette, Michael Pietsch, pedindo que os escritores tomassem partido na disputa. Em retaliação, a carta aberta publicada pelos 909 autores e impressa como anúncio numa página inteira da edição do domingo do jornal The New York Times contra-atacou: os signatários também revelam o endereço eletrônico do magnata Jeff Bezos, convidando o público a protestar enviando e-mails diretos ao presidente da Amazon.
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Comercialização de e-books
A batalha entre a editora Hachette e a Amazon pelos termos de comercialização dos ebooks já dura alguns meses. O impasse mais grave diz respeito às porcentagens cobradas entre o vendedor (Amazon) e o editor dos livros (Hachette). A gigante da web quer impor uma tarifa de US$ 9,99 (cerca de R$ 22,70) na venda dos livros digitais da editora franco-americana.
[O magnata Jeff Bezos é o presidente da Amazon, gigante da web, maior livraria online do mundo e detendora de 60% do mercado de comercialização de e-books]
Como não houve acerto, a Amazon — a maior livraria online do mundo e detentora de 60% do mercado de comercialização de e-books — adotou uma série de medidas, tidas pelos escritores como “vingativas”. A empresa está atrasando o envio, subindo o preço de produtos e retirando o botão de pré-venda para os volumes da editora, afetando autores de alta vendagem, como J.K. Rowling.
“Jeff Bezos usou os livros como instrumento para ajudar a vender tudo, de cabos para computadores a cortadores de grama; foi uma ideia brilhante”, afirma o executivo da Hachette, Michael Pietsch, ao NYT. Insatisfeito, completa: “Agora, a Amazon nos deu as costas. Ela não poderia nos dar mais valor? É por isso que os autores estão enlouquecidos”.