U.S. Department of Agriculture (USDA)
Frequentemente apontado como candidato ao Nobel da Paz, o presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica, afirmou em entrevista ao jornal espanhol El Mundo que não aceitaria a premiação, caso fosse escolhido.
[“Serei sempre militante social e político”, disse Mujica]
Segundo ele, “eu não posso nem devo aceitar prêmios pela paz nas condições deste mundo (…) O de hoje é uma loucura”.
Para Mujica, que está no fim de seu mandato – a eleição presidencial uruguaia acontece em 26 de outubro –, os tempos da Guerra Fria eram mais organizados que “o desastre que temos hoje”.
Atualmente, ressaltou, existe hoje uma “Guerra Quente” e lembrou os conflitos na Ucrânia, Líbia, Iraque, Síria, Palestina e no continente africano.
Falando sobre a situação ucraniana, o presidente uruguaio disse que os líderes europeus deveriam entender as mensagens elementares da geopolítica: “nunca peça ou exija o que não te podem dar e é uma provocação à velha Rússia em sua própria porta”.
Sobre o conflito em Gaza, Mujica apelou à comunidade internacional para que, “em vez de construir muros”, seja “mais inteligente e permita que capacetes azuis (da ONU) [atuem nos territórios palestinos] e terminem com o inferno da guerra”, sugeriu. “Essa espiral de uns atirando foguetes e outros bombas não cria nada mais que ódio. Os Estados Unidos poderiam ser um pouco mais imperialistas, enviar soldados e mandar parar. Esse seria um imperialismo bom”.
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O chefe de Estado uruguaio foi questionado sobre a atual situação na Venezuela, que passa por problemas econômicos. Para ele, se trata de “um país riquíssimo” e esse seria o maior problema. “O petróleo é como uma maldição. Existe uma brecha agrícola enorme de importação de alimentos. O custo interno de energia é incrível, mas, apesar de tudo isso, há possibilidades graças aos venezuelanos”, acrescentou.
Em seguida, ele criticou as intervenções externas no governo de Nicolás Maduro. “Não temos direitos de nos meter nas coisas da Venezuela. Sempre me perguntam: o que você pensa da Venezuela e de Cuba? Mas, porque não me perguntam sobre a China? Porque é uma potência económica muito importante. Há uma grande tolerância com a China, mas não com Venezuela e Cuba”, lamentou.
Ainda falando sobre o atual momento global, Mujica opinou sobre as lideranças existentes no mundo hoje. “Serei sempre militante social e político até que me levem ao caixão e meus ossos não respondam mais. Não faço isso como uma carga, mas por necessidade”.