O ebola está causando “ grande dano” às economias dos países afetados pela doença no oeste da África. De acordo com o presidente do Banco Africano de Desenvolvimento, Donald Kaberuka, o surto tem provocado a drenagem dos recursos orçamentários e pode reduzir o crescimento econômico em até 4%. Além disso, empresários estrangeiros estão abandonando e cancelando projetos na região, como afirmou nesta terça-feira (27/08) em entrevista à agência Reuters.
Agência Efe
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O isolamento desses países provocado pelo cancelamento de vôos de algumas empresas contribui para agravar o quadro. Nesta quarta-feira (27/08), a empresa Air France-KLM suspendeu os vôos para Serra Leoa acatando um conselho do governo francês que também pediu aos franceses que não viajem para a região. O Palácio do Eliseu, no entanto, não estendeu a recomendação para os vôos com destino à Nigéria ou à Guiné.
A ONU (Organização das Nações Unidas) considera que medidas como esta além de contribuírem para o isolamento econômico e diplomático da região, impedem a entrada e saída internacional de especialistas e profissionais de saúde, bem como a entrega de equipamentos e materiais essenciais para ajudar no combate ao surto.
“Os investimentos caem, os níveis de divisas baixam, os mercados não estão funcionando, as companhias aéreas não vêm, os projetos são cancelados e os empresários vão embora — isso provoca muito, muito dano”, disse Kaberuka ao comentar os prejuízos causados pela doença na região.
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Ele avalia também que o impacto negativo no crescimento varia, de acordo com as previsões, entre 1% a 4% do PIB (Produto Interno Bruto). “É muito em um país com [por exemplo] um PIB de US$ 6 bilhões”, observa.
Agência Efe
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De acordo com Kaberuka, os sistemas de saúde africanos “estão saturados”. Recentemente, o Banco Africano doou US$ 60 milhões para a compra de material essencial e para ajudar a treinar equipes médicas a tratar a doença que já matou mais de 1.400 pessoas em Serra Leoa, Guiné e Libéria. Na Nigéria, país mais povoado do continente africano, cinco pessoas morreram.
O governo brasileiro anunciou hoje o envio de kits com luvas, máscaras e soros que serão usados em Serra Leoa. O material é suficiente para atender até 2.500 pacientes em três meses. O país já enviou kits para a Guiné e vai ajudar também a Libéria.
O Ministério da Saúde justificou a ação dizendo que a melhor maneira de interromper a transmissão do ebola é conter a doença nos países onde ela já foi confirmada.