O Conselho de Segurança da ONU aprovou, nesta quarta-feira (24/09), por unanimidade, a resolução proposta pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para que todos os países do mundo tomem medidas para impedir que cidadãos se unam a grupos jihadistas como o EI (Estado Islâmico), que proclamou um califado em regiões do Iraque e Síria, e a Frente al Nusra, vinculada à Al Qaeda.
A resolução 2178 prevê que os países criminalizem cidadãos por tentativas de viajar ou organizar viagens para se unir a “organizações terroristas”. O texto prevê também que os Estados exijam das transportadoras aéreas o acesso às listas de passageiros, e que os países partilhem informações sobre eventuais suspeitos.
Horas antes, o grupo argelino Jund al Khilafa, ligado ao Estado Islâmico, divulgou um vídeo com o turista francês Hervé Gourdel sendo decapitado.
Agência Efe
Obama classificou a morte do turista francês como “afronta a toda a humanidade”
A medida tem caráter vinculante, o que significa que deve ser aplicada a todos os Estados membros das Nações Unidas. O artigo 25 da Carta da ONU diz que todas os países “concordam em aceitar e cumprir as decisões do Conselho de Segurança”. O Conselho tem o mandato de atuar para “assegurar uma ação rápida e eficaz com relação à manutenção da paz e segurança internacionais”.
Obama ressaltou a importância da medida para evitar o aumento de combatentes estrangeiros nas fileiras do EI. “A cooperação internacional para evitar que estes indivíduos cheguem à Síria é um elemento crítico na estratégia para desgastar o EI”, sublinhou.
De acordo com o mandatário, os serviços secretos norte-americanos estimam que o grupo jihadista atraiu “15 mil combatentes estrangeiros, de mais de 80 países diferentes”.
A agência Associated Press noticiou hoje que o Departamento do Tesouro dos EUA impôs sanções contra oito pessoas por ter supostamente financiado ou ajudado pessoas a se unirem ao Estado Islâmico e à Frente Al-Nusra (o grupo associado à Al-Qaeda na Síria”.
Também hoje, os governos holandês e belga anunciaram que vão enviar seis caças F-16 cada um para o Iraque como forma de ajudar a coalizão internacional a lutar contra o EI. A medida ainda precisa ser aprovada pelo Parlamento belga.
Turista decapitado
O vídeo com a decapitação do turista francês foi divulgado hoje em redes sociais. As imagens mostram o corpo de Gourdel, de 55 anos, no solo, enquanto um homem segura a cabeça dele. Ele foi capturado em Cabília, a cerca de 100 quilômetros ao leste de Argel, quando praticava montanhismo com argelinos.
Agência Efe
Imagens divulgadas no YouTube mostram decapitação de Gourdel
A ação foi reivindicada pelo grupo Jund al Khilafa (Soldados do Califado), vinculado ao EI. Um funcionário norte-americano esclareceu à agência Efe que, apesar de o grupo ter anunciado vinculação com o Estado Islâmico, “isso não significa que esteja sob controle direto ou seja dirigido pelo EI”.
O Jund al Khilafa deu, na terça-feira (23/09), um prazo de 24 horas para a França cessar as operações contra jihadistas no Iraque, caso contrário, mataria o refém francês, como ocorreu. Ontem o presidente da França, François Hollande, disse que não negociaria com o grupo.
Hollande confirmou hoje a morte de Gourdel. Ele “foi assassinado vil e cruelmente”, disse o mandatário, que participa da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. O francês também afirmou que a agressão reforça a vontade do país de manter a intervenção no Iraque e que a operação militar aérea será mantida pelo “tempo que for necessário”.
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A União Europeia condenou o que chamou de “assassinato bárbaro” e ressaltou que o bloco está “mais unido do que nunca” para apoiar a luta contra “grupos terroristas”. A França é um dos países que faz parte da coalizão internacional liderada pelos EUA que lançou ataques aéreos contra posições do EI no Iraque.
“Rede da morte”, diz Obama
Durante o discurso que fez na Assembleia Geral da ONU, o presidente dos EUA, Barack Obama, pediu aos países, especialmente os árabes, que se unam na luta para “desmantelar a rede da morte” que o EI representa e previu que a ideologia desse grupo jihadista “murchará e morrerá”.
“Hoje, peço ao mundo para se unir neste esforço. Aqueles que se uniram ao EI deveriam abandonar o campo de batalha enquanto puderem (…) porque não sucumbiremos a suas ameaças e demonstraremos que o futuro pertence àqueles que constroem, não aos que destroem”, disse.
Obama ressaltou ainda que apesar dos ataques aéreos que os EUA lançaram contra posições do EI no Iraque e na Síria, os “Estados Unidos não estão e nunca estarão em guerra contra o Islã”, já que essa religião “ensina a paz” e porque “milhões de americanos muçulmanos são parte do tecido” de seu país.
A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, em discurso na ONU, criticou as intervenções militares no Iraque e na Síria e argumentou que “a cada intervenção militar, não caminhamos para a paz”. Para a mandatária, os conflitos existentes atualmente no mundo devem ser resolvidos de forma permanente. “A cada intervenção militar não caminhamos para a paz mas, sim, assistimos ao acirramento desses conflitos. Verifica-se uma trágica multiplicação do número de vítimas civis e de dramas humanitários. Não podemos aceitar que essas manifestações de barbárie recrudesçam, ferindo nossos valores éticos, morais e civilizatórios.”