Aproximadamente seis milhões de bolivianos irão às urnas neste domingo (12/10) para eleger presidente, vice-presidente, senadores e deputados. Apesar de as pesquisas indicarem a vitória do presidente e candidato à segunda reeleição, Evo Morales, apoiadores e o próprio mandatário realizaram intensa campanha pelo país em busca de apoio político aos cargos legislativos. Se reeleito, Evo será o mandatário que mais tempo ocupou o cargo no país, chegando a 12 anos.
Agência Efe
Obras como a construção do teleférico que liga La Paz a El Alto indicam o bom momento econômico do país
Além da cadeira de chefe de Estado, o partido MAS (Movimento ao Socialismo) de Evo Morales pretende manter os dois terços de parlamentares no Congresso. A oposição, que pelos indicativos das pesquisas não conseguirá somar os votos necessários para a realização de um segundo turno, mostrou-se esperançosa de que o resultado do pleito no Brasil – que revelou um avanço do candidato Aécio Neves, do PSDB, de forma não registrada pelas pesquisas de intenção de voto – possa se reproduzir no país andino na reta final da campanha.
Leia mais: Após 8 anos de Morales, Bolívia é elogiada pelo FMI, mas ainda precisa superar pobreza extrema
O bom momento econômico que vive o país, com um crescimento de 6,4%, segundo estimativa do FMI, em conjunto com a melhoria dos indicadores sociais, são apontados por analistas como alguns dos motivos pelos quais o presidente goza de apoio massivo da população. De acordo com uma pesquisa do Instituto Equipos Moris para o jornal El Deber, publicada no início do mês, Evo tem 59% das intenções de voto.
A legislação boliviana determina que para vencer no primeiro turno o candidato precisa ter mais de 50% dos votos válidos. Outra possibilidade é que obtenha um mínimo de 40% dos votos e dez pontos percentuais de diferença sobre o segundo colocado, o que indica que Evo deve ser eleito já neste domingo.
Leia mais: Excluídos da eleição brasileira, 40 mil votam em SP para presidente da Bolívia no domingo
A mesma pesquisa indica ainda que 51% dos bolivianos apoiam a gestão do atual governo. Isso se reflete no fato de que o mandatário venceria nos nove estados do país. Se os dados se confirmarem, será também a primeira vitória do mandatário na cidade de Santa Cruz de la Sierra, famosa pela oposição que travou ao governo Evo em 2008, quando o estado de Santa Cruz pleiteava, juntamente com outros estados ricos da chamada Meia Lua boliviana, uma campanha separatista.
Agência Efe
Encerramento de campanha de Evo Morales em El Alto reuniu milhares na última quarta-feira (08)
De acordo com o chefe da campanha do MAS, Saúl Ávalos, o partido começou trabalhando nas periferias de Santa Cruz de la Sierra até conquistar o centro da cidade. Evo, por sua vez, prometeu realizar diversas obras, como estradas de ferro, além da ampliação da fronteira agropecuária da região.
Leia mais: Preservação ambiental e desenvolvimento econômico desafiam futuro presidente boliviano
A oposição não conseguiu emplacar uma candidatura forte que pudesse fazer frente a Evo, tampouco colocou na pauta da campanha temas controversos que pudessem reverter o apoio ao presidente e criticou, veementemente, que o mandatário não tenha aceitado participar de debates com os demais candidatos. No total, cinco partidos disputam a presidência.
Samuel Medina
Segundo colocado na pesquisa com 18% das intenções de voto e candidato pela terceira vez, Samuel Doria Medina, da UD (Unidade Democrática), é empresário do setor de cimentos e dono de uma das franquias da rede de fast-food Burguer King. Para ele, na Bolívia hoje “há mais corrupção, mais narcotráfico e mais insegurança”.
Agência Efe
Samuel Doria Medina encerrou a campanha na cidade de Santa Cruz de la Sierra
Medina conseguiu o apoio de setores indígenas descontentes com o governo, como os moradores do Tipnis (Parque Nacional Isiboro-Secure) insatisfeitos com a questão travada em torno da construção de uma estrada que cortaria o parque. O presidente, também indígena, e que definiu os direitos da Mãe Terra, ou Pachamama, na Constituição, viu-se então diante do dilema entre incentivar o desenvolvimento ou preservar a natureza.
A principal proposta de Medina é “oferecer emprego e fomentar a pequena empresa para derrotar a pobreza extrema”. O candidato também defende a nacionalização dos veículos sem documentos, chamados de “chutos” e que são, na verdade, contrabandeados. Ele propõe ainda que os donos desses veículos paguem uma multa de US$ 5 mil. O dinheiro seria revertido para o pagamento de uma bolsa para aposentados.
NULL
NULL
Tuto Quiroga
Já Jorge Tuto Quiroga, do Partido Democrata Cristão, terceiro colocado nas pesquisas, com 9%, tomou para si a alcunha de “o Aécio Neves boliviano”. Apesar de realmente ter crescido nas últimas sondagens de intenção de voto, os estudos indicam que ele não terá tempo de reverter a atual situação.
Conhecido pelas frases de efeito, ironizou as sondagens que o colocam em terceiro lugar: “as pesquisas não serviram nem de papel higiênico” no Brasil. Da mesma forma, disse reconhecer que o MAS e a UD “ganharam por goleada na pintura de paredes, mas quero dizer que paredes pintadas não votam no domingo, quem o faz são as pessoas”.
Entre as propostas que apresenta estão: respeito a todas as bolsas de benefício que são concedidas para a população, combate ao crime do narcotráfico, reformar a polícia, investir na indústria, passar a propriedade dos hidrocarbonetos para os bolivianos, investir em saúde e nacionalizar a folha de coca. Para isso, propõe que o Estado compre toda a coca do trópico para industrializá-la e o excedente seja queimado.