À beira de um colapso financeiro, a Grécia foi o país europeu que mais recebeu refugiados nos primeiros seis meses do ano, segundo um relatório do Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados) que foi lançado nesta quarta-feira (01/07).
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O documento vem em meio ao impasse por um acordo entre o governo grego — encabeçado pelo partido de esquerda Syriza — e a troika (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional).
Na terça (30/06), Atenas entrou oficialmente em default técnico por não transferir para o valor da parcela de € 1,6 bilhão a essas instituições financeiras. Nessa semana, bancos e mercados também foram fechados, após o governo anunciar o controle de capitais.
Apesar disso, a Grécia ainda é vista como uma boa opção — ou, pelo menos, uma boa porta de entrada — para os 68.000 refugiados que chegaram ao país desde janeiro.
Segundo a agência da ONU para refugiados, a maioria dessas pessoas são de origem africana e asiática, bem como famílias que tentam fugir da guerra civil na Síria, que se arrasta há mais de quatro anos.
Reprodução/ MSF
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De acordo com o relatório, a rota oriental do Mediterrâneo, onde imigrantes viajam por países como Turquia e Bulgária para entrar na Grécia, já superou a tradicional rota central do Mediterrâneo, que vai do Norte da África com destino à Itália ou Espanha, por exemplo.
Mediterrâneo: a rota da morte
O Mar Mediterrâneo é uma das principais portas de entrada para o continente europeu e também uma das mais perigosas. Diariamente, barcos com imigrantes sofrem naufrágios e acidentes, provocando a morte de dezenas de pessoas.
Na tentativa de chegar a um país mais desenvolvido, morrem pelo menos oito imigrantes por dia, de acordo com o relatório “Viagens letais” divulgado no fim de 2014 pela OIM (Organização Internacional de Migrações). A maior parte destes é proveniente da África e do Oriente Médio, com a Síria, Líbia e Eritréia.
Em 2014, duas a cada três mortes em rotas de migração registradas pela IOM ocorreram na região do Mediterrâneo, totalizando 3.279 mortos. Comparativamente, a segunda rota mais perigosa, o Golfo de Bengala, na Ásia, vitimou 540 migrantes.