O ex-primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, pediu neste sábado (29/08), na conferência nacional do Syriza, que o partido o apoie para dar sequência a um programa que seja de “esquerda, mas realista”. Neste fim de semana, a agremiação se reúne para formular uma estratégia para as eleições do próximo dia 20 de setembro.
O evento, que reúne comitê central, agrupamentos regionais e deputados, pretende fazer uma análise de um governo que, para salvar a permanência da Grécia do euro e assinar o terceiro resgate, abandonou muitas de suas promessas políticas, provocando uma cisão interna. Devem, também, ser definidas, as situações do deputados que se abstiveram no parlamento na votação do resgate e, agora, se uniram em um novo partido, a Unidade Popular.
Agência Efe
Tsipras voltou a defender assinatura do terceiro resgate financeiro para a Grécia com Eurogrupo
No discurso, Tsipras defendeu a assinatura do terceiro resgate financeiro como uma solução necessária para evitar o “suicídio coletivo” do país e garantir o nível de vida dos gregos.
“Poderíamos ter optado por não sujar as mãos ou fugir da realidade. Ou acreditar que fora da zona do euro poderíamos garantir o nível de vida das pessoas”, disse Tsipras, acrescentando que preferiu encarar a situação, confrontar “nossas próprias debilidades” e “abrir novos caminhos”.
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Dissidentes
O ex-premiê criticou os dissidentes que formaram o Unidade Popular, mesmo que não os tenha atacado diretamente. Segundo Tsipras, eles atuaram de forma “hipócrita” e “escaparam da responsabilidade do governo”.
Por outro lado, Tsipras rejeitou mais uma vez a possibilidade de uma aliança com os partidos da oposição Nova Democracia, To Potami e Pasok, com o argumento de que nenhum dos três tem real interesse em negociar com os credores.
De acordo com Tsipras, um eventual novo governo do Syriza continuará batalhando nos temas que ainda ficaram pendentes no acordo, fazendo referência às negociações sobre os convênios coletivos, os cortes nos sistemas de pensões e a restruturação da dívida, todos assuntos cuja resolução condicionará os futuros desembolsos do resgate. Além disso, ele prometeu lutar contra um sistema político que “levou o país à atual situação e só pode ser combatido com um governo de esquerda, com forte apoio popular”.
“A questão é não entregar as armas e seguir em frente. Só olhamos para frente. Hoje, temos mais experiência. Somos mais maduros e temos mais determinação”, disse, reconhecendo que o governo do Syriza cometeu erros, mas se apoia “firmemente na realidade”.
Essa “política de realidade”, como descreveram muitos analistas sobre a mudança de rumo do Syriza após assumir o governo, assim como a fratura interna do partido, se transformam em uma clara queda de popularidade.
Uma pesquisa divulgada nesta sexta-feira (28/09) mostra o Syriza com 23% dos votos, seguido pelo conservador Nova Democracia, com 19,5%. Na pesquisa anterior, no começo de julho, o Syriza aparecia com 26%, enquanto os opositores tinham apenas 15% — nas eleições de janeiro, o Syriza conquistou 36% dos votos e o Nova Democracia, 27%.
(*) Com Efe