Em 22 de maio de 1972, o presidente norte-americano Richard Nixon chegou a Moscou para uma reunião de cúpula com os dirigentes soviéticos. Embora tenha sido a primeira visita de Nixon à União Soviética como presidente, ele já tinha visitado Moscou uma vez no cargo de vice-presidente dos Estados Unidos, sob a presidência de Dwight Eisenhower.
Na época, Nixon fez inúmeras visitas ao exterior, inclusive uma viagem em 1959 a Moscou para a Feira Comercial e Cultural dos EUA no Parque Sokolniki. Logo após a chegada, abriu-se um debate informal entre ele e o primeiro-ministro soviético e secretário-geral do Partido Comunista, Nikita Khruschov, sobre os méritos e as desvantagens dos sistemas políticos e econômicos das respectivas potências.
Conhecido como o “debate da cozinha”, devido à troca de opiniões especialmente quente e pelo fato de ter ocorrido numa cozinha-modelo de uma réplica de lar norte-americano exposta na feira, o debate foi um dos momentos definidores da Guerra Fria.
O ponto alto da feira era uma cozinha último tipo, daquelas que só pareciam existir nos filmes de Hollywood. Depois de ciceronear Khruschov pelos estandes, Nixon se deteve diante da cozinha para que o primeiro-ministro soviético pudesse admirá-la e “invejá-la”. Mas Khruschov desdenhou. “Temos essas coisas… Vocês não superam a gente nisso… Nossos operários e camponeses também podem comprar casa de 14 mil dólares”.
Tinha início o que a imprensa registraria como “o debate da cozinha”, a mais descontraída discussão em público sobre a superioridade entre comunismo e capitalismo. “Muitas das coisas em exibição são interessantes, mas não essenciais à vida”, continuou Khruschov. “São meros equipamentos”. Embora ajudado pelos objetos expostos, joias da moderna tecnologia norte-americana, Nixon acabou engolido pelo desinibido, rude, belicoso e bem-humorado Khruschov.
Inábil, o vice-presidente parecia “um corretor de imóveis nervoso”, na descrição do jornalista William Safire, do New York Times, presente ao debate.
A segunda visita de Nixon a Moscou, desta vez como presidente, teve propósitos mais conciliatórios. Durante uma semana de encontros de cúpula com o secretário-geral Leonid Brejnev e outros funcionários soviéticos, os EUA e a URSS assinaram uma série de acordos, inclusive um que lançou as bases para um voo espacial conjunto, em 1975. No dia 26 de maio, Brejnev e Nixon assinaram o Tratado de Limitação de Armas Estratégicas (SALT, na sigla em inglês), o mais significativo durante a cúpula. O tratado limitava a posse de no máximo 200 mísseis antibalísticos para cada parte, que deveriam ser divididos entre os dois sistemas de defesa.
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