A recente assinatura do Acordo de Parceria Econômica Estratégica Trans-Pacífico (TPP, na sigla em inglês) e o iminente estabelecimento do Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP, na sigla em inglês) podem se traduzir na perda de 5% das exportações brasileiras, segundo revelou um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Em termos concretos, os pesquisadores da Escola de Economia da FGV, Vera Thorstensen e Lucas Ferraz, concluíram que a eliminação ou redução de 50% da maior parte das taxas de importação entre os 12 países que compõem o TPP, dentre eles Chile, Peru e México, suporá uma redução de 2,7% das exportações do Brasil.
Agência Efe
Manifestantes alemães protestam contra assinatura do TTIP
Isto se deve ao fato de que os países latino-americanos incluídos no TPP e os Estados Unidos, que compõem 25% do mercado de exportações brasileiro, comercializarão seus produtos entre si a um preço menor, supondo uma queda das manufaturas brasileiras de cerca de 35% em razão da concorrência norte-americana.
No entanto, o panorama pode se tornar muito mais sombrio se o governo dos Estados Unidos conseguir fechar com a União Europeia o TTIP (Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento), já que neste contexto as exportações brasileiras poderiam cair até 5%.
Em declarações ao jornal Folha de São Paulo, o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil, José Augusto de Castro, foi muito explícito ao valorizar o impacto exercido pelo acordo sobre as exportações do país, afirmando: “Se este acordo for fechado, asfixiará o Brasil”.
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Além disso, outro aspecto ressaltado pelo estudo da FGV é que a participação do Brasil em acordos unilaterais estaria limitada pelo fato de o país integrar o bloco Mercosul (formado por Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela), que impede que seus sócios negociem acordos de livre comércio autonomamente, mantendo acordos do tipo apenas com Israel, Palestina e Egito.
Por último, o estudo critica a incapacidade do diretor geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), o brasileiro Roberto Azevedo, que segundo os pesquisadores não conseguiu fazer avançar as negociações da Rodada de Doha, o que teria levado os grandes blocos a negociar por conta própria, propiciando a criação do TPP e do TTIP.
Cabe recordar que, no último mês de junho, durante a Cúpula União Europeia-Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos), o governo de Dilma Rousseff foi um dos mais interessados em impulsionar o estagnado TLC (Tratado de Livre Comércio) entre o Mercosul e a União Europeia, chegando inclusive a se reunir por conta própria com a chanceler alemã, Angela Merkel, e sugerir que a resistência da presidente da Argentina, Cristina Kirchner, diante do TLC seria um passo atrás para o futuro do Mercosul.
Texto publicado originalmente pelo site Sputnik
*Tradução de Henrique Mendes