Manifestantes do movimento “Nuit Debout” (“Noite em Claro”, em tradução livre) voltaram a ocupar na noite desta segunda-feira (11/04) a Praça da República, um dos locais mais famosos de Paris. Eles haviam sido retirados por uma operação da polícia francesa na manhã desta segunda.
EFE
Pelo 12º dia consecutivo, manifestantes do “Nuit Debout” em Paris realizaram uma assembleia geral
“Quiseram nos enterrar, mas esqueceram que nos éramos sementes e que vamos revidar”, disse a manifestante Fanny, da comissão de ecologia, aos demais manifestantes durante a assembleia geral do grupo, que ocorre diariamente.
Os manifestantes protestam contra medidas do governo do presidente francês, François Hollande, que, segundo eles, flexibilizam a legislação trabalhista no país. A ocupação, que ocorre em outras cidades da França, chegou à 12ª noite seguida em Paris.
“As pessoas dormiram lá [na praça] por uma semana, criaram hortas, montaram tendas, agora não podemos mais”, afirmou ao jornal francês Le Parisien o manifestante Grégory, se referindo aos policiais, que estão dificultando a ocupação ao impedir que sejam levadas panelas ou aparelhos de som. Apesar das dificuldades, os manifestantes voltaram a se reunir na Praça da República.
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“Se é legítimo sonhar com outro mundo, não é [legítimo] degradá-lo”, declarou a prefeita de Paris, Anne Hidalgo (do Partido Socialista, o mesmo de Hollande), por meio de um comunicado nesta segunda-feira. Ela se manifestou de modo contrário à ocupação e disse que é necessário haver um “Estado de Direito” na Praça da República. Hidalgo defendeu que os manifestantes se retirem após suas reuniões.
Neste domingo (10/04), oito manifestantes foram presos em Paris. Com cerca de 300 pessoas, o protesto foi realizado nas proximidades da residência do primeiro-ministro do país, Manuel Valls. No sábado, a polícia reprimiu manifestações do “Nuit Debout” com bombas de gás lacrimogêneo. A operação deixou pelo menos 24 feridos e resultou em nove detidos.
Segundo o governo de Hollande, as medidas trabalhistas têm como objetivo reduzir o desemprego no país, que ultrapassa os 10%. A reforma alteraria a jornada de trabalho de 35 horas semanais, permitindo às empresas propor horários alternativos de trabalho, o que poderia aumentar a jornada. O Parlamento deve apreciar as propostas ainda neste mês.