O jornal israelense Haaretz publicou neste domingo (22/05) uma matéria na qual afirma que, segundo apuração da sua equipe, a proposta do novo ministro da Defesa de Israel, Avigdor Lieberman, de implementar pena de morte por homicídios em atos considerados terroristas não seria aplicada caso o acusado fosse judeu.
A fonte da informação, citada como membro do Likud (partido do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu) e próxima das negociações sobre a proposta de pena de morte, falou ao Haaretz sob condição de anonimato.
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Indicação de Lieberman para chefiar a Defesa torna governo mais conservador, dizem opositores
A pena de morte, segundo o projeto, seria julgada apenas em tribunais militares. O apoio à proposta é defendido pelo novo ministro da Defesa como condição para que seu partido, Yisrael Beiteinu, integre a coalizão governista liderada pelo Likud.
Um membro do Kulanu, integrante da coalizão governista, disse ao Haaretz que seu partido irá se opor no Knesset (Parlamento israelense) a qualquer tipo de legislação que proponha a pena de morte, em cortes civis ou militares. A fonte, cujo nome não foi citado na matéria, pontuou que, atualmente, palestinos acusados de terrorismo são julgados por tribunais militares e os casos que envolvem judeus seguem, no geral, para cortes civis.
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De acordo com analistas políticos, no entanto, a aprovação da proposta de pena de morte no Parlamento seria improvável. Partidos de oposição já manifestaram publicamente ser contrários à proposta e à nova coligação do governo. Atualmente, a legislação israelense não prevê a pena capital.
EFE
Moshe Ya'alon, antecessor de Lieberman, cumprimenta altos militares em cerimônia de despedida do cargo
O antecessor de Lieberman, Moshe Ya'alon, renunciou na última sexta-feira (20/05) e citou desentendimentos com o premiê como motivo de sua saída. Ya'alon afirmou que “extremistas tomaram o controle” de Israel e que “políticos antigos escolheram o caminho da segregação”. O ex-ministro disse que irá “dar um tempo na vida política” e, ao retornar, disputará a liderança nacional. O titular da Defesa em Israel detém o comando das Forças Armadas.
Protesto contra Lieberman
Centenas de manifestantes saíram às ruas de Tel Aviv, em Israel, na noite deste sábado (21/05) para protestar contra Lieberman, a quem parte dos manifestantes chamou de “ministro da Guerra”.
“Nesta semana nós atingimos novos patamares de extremismo e um governo ainda mais de direita”, disse aos manifestantes Tamar Zandberg, parlamentar pelo partido opositor Meretz, em discurso durante o protesto. Ela chegou a se referir a Lieberman, que já foi ministro das Relações Exteriores do país, como “racista” e “corrupto”.