A presidente afastada Dilma Rousseff classificou como um “escândalo” e “um absurdo” a afirmação do chanceler do Uruguai, Rodolfo Nin Novoa, de que o ministro das Relações Exteriores do governo interino de Michel Temer, José Serra, tentou ‘comprar’ o voto de Montevidéu para evitar que a Venezuela assuma a Presidência do Mercosul.
A afirmação foi feita no final da tarde desta quarta-feira (17/08), após um encontro com movimentos de mulheres no Palácio do Alvorada.
“É impossível um chanceler brasileiro tomar aquela atitude em relação a um chanceler uruguaio. O Brasil não pode se dar ao luxo de achar que compra algum país. Nós não somos imperialistas, nunca fomos. Nós não podemos tratar países dessa forma”, afirmou Dilma, em encontro com movimentos de mulheres no Palácio da Alvorada. ”Isso é um dado. O estrago foi feito. Tem outros estragos sendo feitos”, completou.
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Agência Efe
Para Dilma, postura de Serra é um “absurdo” e um “escândalo”
Polêmica
Na terça-feira (16/08), Novoa afirmou que o ministro das Relações Exteriores brasileiro, José Serra, tentou “comprar o voto do Uruguai” ao pedir que não transferisse a presidência pró-tempore do Mercosul à Venezuela. Além disso, disse que Montevidéu entende que a “Venezuela é o legítimo ocupante da presidência pró-tempore, portanto, quando convocar uma reunião o governo uruguaio irá. Se os outros não forem, a responsabilidade será deles”.
A declaração foi recebida com mal estar pelo Brasil, que convocou o embaixador uruguaio em Brasília para dar explicações. Por meio de comunicado oficial, o Itamaraty afirmou que a visita realizada por Serra ao Uruguai visava aprofundar as relações entre os dois países e, assim, o “governo brasileiro recebeu com profundo descontentamento e surpresa as declarações do chanceler Novoa”. “O teor das declarações não é compatível com a excelência das relações entre o Brasil e o Uruguai”, consta na nota.
Serra voltou ao assunto na quarta-feira (17/07), após um encontro com líderes oposicionistas venezuelanos em Brasília. O ministro do governo interino afirmou que Novoa havia telefonado para “esclarecer a questão”. “Não há mais nenhum problema em nosso trabalho conjunto. Foi um mal entendido”, disse o ministro que, entretanto, não quis dar detalhes à imprensa do que foi dito durante a conversa.