Em um ano, os Navigators USA dobraram o número de membros; são 600 crianças em 21 estados dos EUA
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Nos últimos 15 anos, mais de 1,3 milhões de pessoas deixaram o maior e mais tradicional grupo de escoteiros dos Estados Unidos, o BSA (Boy Scouts of America). Longe de querer largar as atividades, muitos dos ex-escoteiros apenas procuram grupos com outros valores; um espaço sem discriminação contra escoteiros gays ou ateus, ou que barre as famílias que desejam colocar filhos e filhas na mesma turma.
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Fundado por ex-escoteiros dissidentes dos BSA, o Navigators USA é uma das alternativas. Com cerca de 600 garotas e garotos e 45 unidades em 21 estados americanos, o grupo começa a ser reconhecido e procurado no país por receber bem a todos, sem se importar com “gênero, raça, estilo de vida, habilidade, crenças religiosas” de cada um.
Pelo menos até o mês de maio, crianças homossexuais continuarão impedidas de se tornarem escoteiras membros dos BSA. Homens e mulheres gays também não podem atuar como líderes de grupos. A próxima reunião do conselho nacional dos BSA vai decidir se mantém a regra — que está longe de ser apenas uma antiga e obsoleta diretriz —, ou se deixa cada uma das unidades locais decidirem por si.
Toda essa discriminação é referendada pela Suprema Corte do país. Em uma decisão de 2000, os juízes reafirmaram que os BSA têm liberdade para barrar líderes de turma que sejam gays. Depois da decisão judicial, Robin Bossert aguentou mais três anos como boy scout, tentando “mudar a política pelo lado de dentro”. Não conseguiu e acabou fundando os Navigators USA.
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As atividades são praticamente as mesmas: acampamento ao ar livre, atividades em fazendas, caminhadas, trilhas, excursões em museus e serviços comunitários. A grande diferença está no panteão que reúne os valores e a filosofia do antidiscriminação grupo, batizado de Navigator’s Moral Compass (ou “a bússula moral do navegador”).
“Queríamos que os nossos dois filhos entrassem para o escotismo, mas em uma organização que refletisse nossos valores familiares”, conta Bossert ao site americano Mother Jones. Nos Navigators, temas LGBT são abordados com linguagem apropriada para jovens, sempre focando na questão do respeito mútuo.
Depois que os BSA reafirmaram a posição antigay, a família de Bryan Freed decidiu mudar para os Navigators, mas não sem antes consultar o filho Nathan, de oito anos. Segundo Bryan, a conversa foi mais ou menos nestes termos: “Pessoas gays são homens que querem casar com homens, ou mulheres que querem casar com mulheres. A maioria das famílias tem uma mamãe e um papai, mas não é sempre desse jeito. E o pessoal dos Boy Scouts não quer deixar que pessoas gays façam parte do grupo”. Nathan escolheu os Navigators.
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