A confirmação da morte do presidente iraniano, Ebrahim Raisi, defensor da “legítima defesa da nação palestina” contra as operações conduzidas pelo Estado de Israel na Faixa de Gaza, foi recebida com “indiferença” por políticos de Tel Aviv e, nas redes sociais, a notícia chegou a ser satirizada em publicações de internautas israelenses.
Segundo o jornal The Times of Israel, o líder do partido de extrema direita Noam e vice-ministro do gabinete do premiê israelense Benjamin Netanyahu, Avi Maoz, ironizou o falecimento de Raisi por meio de comunicado.
“Há menos de um mês, ele [Raisi] ameaçou que ‘se Israel atacar, nada sobrará dele’, e agora ele é um grão de poeira na história”, disse o parlamentar.
O deputado Avigdor Liberman, presidente do partido de oposição Yisrael Beytenu, declarou que o Estado não esperava que a morte do líder iraniano fizesse qualquer diferença nas relações políticas e diplomáticas.
“Para nós, não importa, não afetará a atitude de Israel [em relação ao Irã]. As políticas do Irã são definidas pelo líder supremo [o aiatolá Ali Khamenei]”, afirmou Liberman ao portal de notícias Ynet, acrescentando que Raisi “era um homem brutal” e que “não vamos derramar uma lágrima”.
Sem pronunciamento imediato e oficial por parte do governo de Israel, à agência Reuters, uma autoridade que não quis se identificar teria informado que sua nação não estava envolvida na morte do presidente do Irã.
O acidente também gerou repercussão nas redes sociais. Uma página satírica da plataforma X falsificando a Mossad, a agência de espionagem nacional de Israel, publicou uma foto sugerindo que um agente da entidade chamado “Eli Kopter” — fazendo um trocadilho com a palavra “helicopter”, em inglês — havia pilotado o veículo que caiu e levou à morte do presidente iraniano.
“Raisi: você tem certeza de que este helicóptero é seguro?
Piloto Eli Kopter: com certeza”
Raisi: are you sure this helicopter is safe?
Pilot Eli Kopter: absolutely. pic.twitter.com/7BkoP6NioB
— The Mossad: Satirical, Yet Awesome (@TheMossadIL) May 19, 2024
Já de acordo com o portal de notícias Israel National News, o rabino David Chai Hacohen, chefe proeminente de uma yeshiva, como são nomeadas as instituições que incidem sobre o estudo de textos religiosos, localizado na cidade israelense de Bat Yam, ordenou seus alunos para “omitirem a oração Tachanun na segunda-feira”.
Tachanun é uma oração solene recitada por judeus em dias de semana, mas que não é realizada em dias considerados “felizes” e quando se celebram festivais judaicos.
“O presidente era especialmente odiado em Israel, o mais odiado entre os iranianos”, afirmou o rabino, classificando a morte de Raisi como uma “boa notícia para o povo de Israel”.
Ainda de acordo com o veículo, sua yeshiva teria organizado orações e danças para comemorar o falecimento do presidente.
Morte de Ebrahim Raisi
O governo do Irã confirmou nesta madrugada a morte do presidente Ebrahim Raisi e de sua comitiva, após a queda do helicóptero que os transportava para o país depois de uma visita à fronteira com o Azerbaijão.
Raisi, de 63 anos, viajava das zonas fronteiriças do nordeste para a cidade de Tabriz, na província do Azerbaijão Oriental, onde inauguraria uma refinaria no último domingo (19/05).
Segundo a imprensa oficial iraniana, o helicóptero caiu numa região montanhosa do Irã, entre as aldeias de Pir Davood e Uzi, na província iraniana de Azerbaijão Oriental, em razão das más condições climáticas.
A agência de notícias Mehr afirmou que o ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir-Abdollahian, o governador da província do Azerbaijão Oriental, Malek Rahmati, e o líder religioso de Tabriz, Mohammadali Al-Hashem, também morreram a bordo da mesma aeronave.