O Instituto Nacional de Estatística e Censo (Indec), órgão oficial responsável por medir os dados da economia argentina, registra pela primeira vez, desde 2002, queda de 0,8% do PIB (Produto Interno Bruto) durante o segundo trimestre do ano – em comparação com o mesmo período de 2008. A atividade produtiva do país também caiu 7,6%, segundo a instituição.
De acordo com o relatório, o investimento bruto fixo do segundo trimestre foi reduzido em 10,7%, diminuição que contrasta com a alta de 13,8% obtida no mesmo período de 2008.
Os reflexos da crise econômica mundial e de problemas locais provocaram não somente a queda no PIB e nos investimentos, mas também no consumo interno, que diminuiu 1,8%. O resultado interrompe um processo de crescimento de 25 trimestres consecutivos, iniciado no primeiro período de 2003.
Dados divergentes
Os dados do PIB divulgados pelo Indec são menores do que os registrados por alguns analistas privados, para quem a baixa no PIB superou 6%.
Desde 2006, o Indec é acusado de manipulação de estatísticas oficiais, como índice de inflação, preço de produtos e alteração na data de censos, sem apresentação de justificativa.
Após dois anos e meio de contestações, em julho deste ano o governo argentino anunciou uma mudança no instituto de estatísticas: criou um Conselho Acadêmico, formado por universidades públicas nacionais para analisar os números divulgados desde 1999, e submeteu o Indec ao controle do Ministério da Economia.
Outros panoramas
Apesar da redução do PIB no segundo trimestre, ao longo do ano os números do Indec apontam para uma alta de 0,6%, o que significaria que a Argentina é um dos poucos países do mundo que não tiveram diminuição no ritmo no primeiro semestre.
Entretanto, de acordo com os dados de institutos privados, a economia da Argentina continua em recessão.
A consultoria Gabriel Rubinstein e Associados estima entre abril e junho houve queda de 6,5% no PIB em relação ao mesmo período do ano anterior. Com esse índice, há uma diferença de 5,7 pontos com o Indec. Ao longo do ano, calcula-se um retrocesso de 1,9% no primeiro trimestre e 0,5% negativo no segundo trimestre, em comparação com os trimestres anteriores.
Segundo Ricardo Castiglioni, da CyT Assesores Econômicos, a queda do PIB no segundo trimestre também foi de 6,5%. Ele estima que, em outubro, será registrado um estancamento e, em novembro, uma queda, de acordo com análise publicada no jornal argentino La Nacion.
O prognóstico da consultoria de Orlando Ferreres para o segundo trimestre é de redução de 6,1% no PIB. “No terceiro [trimestre], começa a ter sinais de recuperação, motivados por setores industriais que exportam ao Brasil, como plásticos e automóveis”, disse o analista Fausto Spotorno em entrevista ao jornal Clarín.
As perspectivas distintas entre os institutos de pesquisa são justificadas por diferenças no cálculo da inflação e pela existência de vários métodos para medir a atividade industrial e dos serviços.
Na última sexta-feira, o governo disse estimar que o PIB de 2009 será finalizado com alta de aproximadamente 0,5% (taxa anual) impulsionada pelo crescimento do consumo.
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