Desde que o governo venezuelano confirmou a existência de uma farta reserva de gás natural no bloco de Perla 1, no oeste do país, descoberta pela petrolífera espanhola Repsol, companhias estrangeiras têm demonstrado interesse em investir mais no país e participar da exploração do combustível. Entre elas, estão a russa Gazprom e a norte-americana Chevron, que já exploram gás no país.
Segundo especialistas consultados pelo Opera Mundi, apesar de as empresas interessadas já participarem de outros empreendimentos na Venezuela, o investimento em pesquisa e tecnologia certamente vai aumentar, possibilitando que o país se torne um expoente em exportação de gás na América do Sul.
A exploração, processamento e comercialização dos aproximadamente 8 trilhões de pés cúbicos do Perla 1, equivalentes a 226 bilhões de metros cúbicos, será feita por meio de um consórcio formado pela estatal PDVSA, que terá direito a 35%, pela Repsol (32,5%) e pela italiana ENI (32,58%).
Mas de acordo com o ministro de Energia, Rafael Ramírez, é possível que um “terceiro investidor” integre o bloco. A Gazprom, maior produtora de gás do mundo, e a Venezuela estão em negociação para um acordo de exploração e produção, em reuniões do presidente Hugo Chávez com o diretor-executivo da empresa, Alexei Miller, segundo relatos da imprensa venezuelana. A Gazprom promete investir 4,5 bilhões de dólares em tecnologia, segundo o ministro Ramirez.
Na avaliação do analista Elio Ohep, editor da publicação Petroleum World, o interesse dessas companhias aponta para novas possibilidades e êxito nas experiências. “A Chevron está há dois anos explorando e até agora nada, e os russos ainda estão perfurando. Apesar de não terem conseguido muita coisa, demonstram interesse em fazer novos investimentos, principalmente após o governo confirmar o intuito de aumentar a produção”, disse Ohep.
Diversas empresas estrangeiras têm investimentos no setor energético do país, como Qatar Petroleum (do Catar), Mitsubishi Corporation, Mitsui, Itochu (Japão), Petronas (Malásia), Sonatrach (Argélia), Korea Gás (Coreia do Sul), Statoil (Noruega) e Galp (Portugal).
No entanto, Diego Gonzalez Cruz, do Centro de Estudos Energéticos da Venezuela, acha que o ideal seria que outras empresas que ainda não estão nos blocos de exploração do país passassem a investir. “Apesar de a procura ter acontecido entre companhias que participam das licitações ligadas ao setor energético há 19 anos, a promessa de novos investimentos mostra que há uma boa relação com o governo”.
Tecnologia
Apesar de possui enormes reservas de gás, a Venezuela não é auto-suficiente. Nos últimos anos, o déficit aumentou de 1.200 milhões de pés cúbicos diários em 2006 para 1.500 milhões em 2009.
Segundo os especialistas, a Venezuela ainda precisa aprimorar os aparatos tecnológicos e investir em cursos técnicos, superiores e de especialização relacionados ao tema, além de contar com ajuda de outras empresas.
“A Venezuela não tem muita experiência no processamento de gás. Necessitaria de empresas com tecnologia [avançada] para ajudar a produzir e processar essas reservas, uma vez que decida fazê-lo”, explicou Ohep.
Para ele, dependendo dos investimentos em Perla 1, a exploração seria possível em “dois ou três anos”. Já Gonzalez Cruz acredita que em cinco anos o gás das novas reservas estaria pronto para comercialização”.
Atualmente, a Venezuela produz 6,3 bilhões de pés cúbicos de gás por dia, mas planeja chegar a cerca de 11,5 bilhões em 2012.
Carros a gás
No dia 16 de outubro, quando a reserva de Perla 1 foi inaugurada, o presidente Hugo Chávez garantiu que a “PDVSA está preparada não apenas para fornecer o gás doméstico a 14 mil casas de Caracas em uma primeira etapa, mas também para que em breve, 50% do parque automotivo do país utilize gás”.
O ministro de Energia também está otimista. “Estas reservas permitem assegurar que teremos durante os próximos 25 anos todo o gás necessário para o desenvolvimento venezuelano”, destacou Ramírez.
A reserva de Perla 1 tem capacidade estimada em 8 trilhões de pés cúbicos, equivalentes a 226 bilhões de metros cúbicos, suficientes para um produção diária entre 600 e 800 milhões de pés cúbicos (17 a 22,6 milhões de metros cúbicos).
Com 180 trilhões de pés cúbicos, a Venezuela detém 30% das reservas de gás na América Latina, acima dos 27 trilhões da Bolívia, e espera chegar a 300 trilhões no final de 2014. A Rússia possui 1.700 trilhões e o Irã, 1.029 trilhões, segundo o site Index Mundi.
Assista a um vídeo que mostra a inauguração da reserva:
NULL
NULL
NULL