A crise entre o governo de Cristina Kirchner e o Banco Central da Argentina teve um novo capítulo hoje (13), quando o executivo entrou com recursos contra a decisão judicial que impediu a remoção de Martín Redrado do banco e a formação do chamado Fundo Bicentenário, para pagar a dívida externa. Na manhã desta quarta-feira, a juíza María José Sarmiento, a cargo de ambas as causas, levou as queixas para o tribunal de apelações do país.
Quase ao mesmo tempo, Sarmiento emitiu nova sentença que suspende a formação do Fundo Bicentenário, acolhendo um pedido feito pela oposição. O fundo foi criado pela presidente Cristina Kirchner em dezembro, para pagar as dívidas que a Argentina tem com credores privados estrangeiros. A ideia oficial era que fosse abastecido com reservas acumuladas pelo Banco Central. Mas o então presidente da entidade, Martín Redrado, se negou a disponibilizar o dinheiro.
Agora, o tribunal de apelações buscaria uma solução política para a discórdia e, nos próximos dias, convocaria os principais envolvidos no parlamento, tanto da oposição quanto da base aliada.
Mas, desde ontem, a batalha judicial para o governo também se estendeu para o exterior. Hoje, os advogados do BC entraram com um recurso contra a decisão do juiz norte-americano que na terça-feira (12) bloqueou as contas do país nos Estados Unidos. O ministro da Economia, Amado Boudou, disse que a medida é “algo esperável e que não é preciso alarmar a população”.
Hoje, Cristina chamou a decisão do juiz nos EUA de “parte de uma formidável manobra política”, que, para ela, envolve setores dos grandes veículos de comunicação, parte da Justiça e da oposição. Cristina também chamou María José Sarmiento de “juíza delivery”, em alusão à rapidez com a qual aprova os recursos da oposição, além de apelidar a Redrado de “ocupa” (algo como “sem-teto”) por sua resistência em deixar o cargo.
Mas a pior parte, sem dúvida, a presidente reservou para o seu próprio vice, Julio Cobos, que está na oposição: “Ele quer ser presidente antes de 2011”. Logo em seguida, Cobos improvisou uma entrevista coletiva na porta de casa, para destacar que “não há nenhuma atitude conspiratória” de sua parte. “Há, sim, uma atitude destituinte em curso contra este vice-presidente”, declarou.
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