O governo chinês não demorou para publicar seu próprio relatório em resposta aos Estados Unidos, que denunciaram ontem (11) que, no ano passado, a situação dos direitos humanos na China tinha piorado em temas como liberdade religiosa e uso da internet.
O relatório chinês, publicado hoje (12) pelo Escritório de Informação do Conselho de Estado (Poder Executivo), acusa Washington de utilizar os direitos humanos “como um instrumento político para interferir nos assuntos internos de outros países, difamar a imagem de outras nações e perseguir seus próprios interesses estratégicos”.
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“Como em anos anteriores, os relatórios (dos EUA) estão cheios de acusações sobre a situação dos direitos humanos em mais de 190 países e regiões, incluindo a China, mas fecham os olhos, se esquivam e até encobrem abusos dos direitos humanos em seu próprio território”, afirma o texto do Executivo chinês.
O relatório destaca que os EUA não permitem a liberdade de imprensa e expressão, e remete a casos de escutas telefônicas e de controle e monitoração da internet depois dos atentados de 11 de Setembro de 2001, assim como à iniciativa do Congresso norte-americano de impor sanções a cadeias árabes de televisão via satélite. Pequim também afirma que os norte-americanos estão vivendo um aumento das situações de abuso de poder e de delitos violentos.
“Em um momento no qual o mundo está sofrendo um desastre nos direitos humanos causado pela crise financeira global induzida pela crise 'subprime' dos EUA, o governo norte-americano segue ignorando seus próprios problemas de direitos humanos e só aponta os dedos aos outros países. É realmente uma pena”, conclui o documento.
Trata-se do décimo primeiro documento anual emitido por Pequim sobre os direitos humanos nos EUA.
Relatório norte-americano
Para Washington, a situação na China “segue ruim, e piorou em algumas áreas” em 2009, especialmente em respeito a castigos aos dissidentes e algumas minorias étnicas, como uigures e tibetanos. O relatório também denunciou “abusos graves dos direitos humanos”, que incluem “mortes extra judiciais, execuções sem processo devido, tortura e confissões obtidas sob coerção e uso de trabalhos forçados”.
As relações diplomáticas entre Pequim e Washington passam por momentos de grandes tensões, após o anúncio do plano americano de vender um pacote de armas a Taiwan, avaliado em 6,4 bilhões de dólares, e o encontro recente entre o presidente Barack Obama e o Dalai Lama.
A China tomou medidas de represália, como a suspensão dos intercâmbios militares bilaterais com os EUA, e anunciou sanções contra empresas que participem da venda de armas a Taiwan. O conflito acerca do Google na China, os direitos humanos e a valorização do iuan são outros assuntos que dificultam as relações.
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