O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, esteve hoje (21) no Capitólio para se reunir com os congressistas democratas e articular apoio em favor da reforma do sistema de saúde americano, na véspera de uma votação crucial para o projeto.
“Está em suas mãos. É o momento de aprovar isto, em benefício dos Estados Unidos”, afirmou o presidente Obama em sua última defesa aos parlamentares do Partido Democrata.
EFE/MICHAEL REYNOLDS
O presidente americano Barack Obama com o lider da maioria democrata no Senado, Harry Reid
A presença do presidente americano na sede do Congresso foi uma rara iniciativa, já que normalmente o chefe de Estado só vai ao Capitólio uma vez por ano para pronunciar o discurso sobre o Estado da União.
“Não façam por mim, não façam pelo Partido Democrata. Façam pelo povo americano”, declarou o presidente em um apaixonado discurso perante os congressistas democratas, que amanhã votarão na Câmara de Representantes os dois projetos de lei que compõem a medida.
Segundo o presidente, “este é um daqueles momentos” em que é possível “tornar realidade as melhores esperanças” pelas quais os legisladores entraram na política.
Com essas palavras, o chefe da Casa Branca buscava reiterar o pedido aos congressistas já decididos a votar “sim” e persuadir àqueles que, a 24 horas da votação, se opõem à iniciativa ou ainda estão indecisos.
Dado que a oposição republicana votará “não” em bloco, os democratas devem buscar entre seus próprios colegas de partido os 216 votos necessários para aprová-la. Por isso, o ritmo das negociações hoje na Câmara de Representantes era frenético.
Congressistas antiaborto
Outro dos grandes centros de atenção hoje era um grupo de congressistas democratas católicos, que reivindicam emendas que garantam que não sejam destinados fundos federais à prática de abortos.
O problema, segundo os líderes democratas, é que se forem aceitas as reivindicações dos congressistas antiaborto, um numeroso grupo de congressistas de esquerda cumpriria com a promessa de retirar o apoio à proposta.
Ao longo do dia, discutia-se uma possibilidade de conciliar as posições de ambos os grupos: deixar a linguagem da medida como está e, em seguida, Obama emitiria uma ordem presidencial na qual se determinaria a proibição de fundos federais destinados ao aborto.
Os democratas, no entanto, se mostraram convencidos de que o resultado de amanhã será favorável. O líder da maioria democrata na câmara baixa, Steny Hoyer, assegurou: “acreditamos claramente que temos os votos”.
O chefe da maioria democrata no Senado, Harry Reid, presente no encontro de Obama com os legisladores, prometeu que a reforma “será lei dentro de alguns dias”.
Os congressistas votarão este domingo, após duas horas de debate, dois projetos de lei diferentes: um é o projeto de lei sobre a reforma já aprovada pelo Senado em dezembro passado. Se a Câmara também aprová-la, só faltará a assinatura de Obama para que se transforme em lei.
Um segundo projeto introduz uma série de emendas à medida, para deixá-la mais ao gosto dos congressistas democratas. Se a Câmara aprová-lo, passará para o Senado, que poderia votá-lo já na próxima semana. Segundo o negociado pelos democratas, o Senado o aprovaria imediatamente.
55 discursos
Enquanto as negociações aconteciam no interior do Congresso, do lado de fora se concentravam cerca de 2 mil simpatizantes do movimento conservador Tea Party, que se opõe taxativamente à reforma.
Obama se envolveu pessoalmente até o final nessa medida, que defendeu ao longo de seu mandato, inclusive contra a recomendação de alguns de seus assessores mais próximos.
O presidente americano anunciou na quinta-feira que cancelaria uma viagem que faria nos próximos dias a Austrália e Indonésia, que devia ter começado este domingo para poder estar presente na reta final do processo.
Ao longo deste ano, Obama pronunciou um total de 55 discursos em defesa da reforma da saúde, mais de um por semana.
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