Em 1º de junho de 1968, morre em Westport, Connecticut, aos 87 anos, Helen Keller que, apesar de ser cega e surda desde a infância, suplantou suas deficiências básicas e se tornou uma escritora e conferencista mundialmente conhecida.
Helen Adams Keller nasceu em 27 de junho de 1880 numa fazenda perto de Tuscumbia, Alabama. Ainda criança foi acometida aos 19 meses por uma doença, provavelmente escarlatina, que a deixou cega e surda. Durante os quatro anos seguintes viveu em sua própria casa. A educação especial para cegos e surdos estava apenas começando e somente quando completou seis anos os pais a levaram para ser examinada por um médico especializado. Ele encaminhou os Kellers a Alexander Graham Bell, inventor do telefone e pioneiro no ensino da linguagem para os surdos. Bell examinou Helen e conseguiu que um professor da Perkins Institution para Cegos de Boston cuidasse dela.
No lugar lecionava a professora, Anne Sullivan, de 20 anos, parcialmente cega. Na instituição para cegos, Anne foi instruída a como ensinar um estudante cego e surdo a se comunicar, por meio de um alfabeto gravado em cartão em alto relevo, sensível ao toque dos dedos de um deficiente visual. Anne chegou a Tuscumbia em março de 1887 e imediatamente passou a aplicar o método a Helen.
Embora não tivesse qualquer conhecimento da linguagem escrita e apenas uma vaga lembrança da fala, Helen aprendeu a primeira palavra em poucos dias: “água”. Helen mais tarde descreveria a experiência: “Sabia que 'á-g-u-a' significava o maravilhoso friozinho que corria sobre minhas mãos. Essa vívida palavra despertou minha alma, deu-me luz, esperança, alegria e uma sensação de liberdade.”
Aprendendo a se comunicar
Sob a dedicada orientação de Anne, Helen aprendeu com assombrosa rapidez. Em abril, seu vocabulário crescia à razão de mais de uma dezena de palavras por dia. Em maio, começou a ler e formar sentenças usando palavras em relevo no cartão. No final desse mesmo mês, já conseguia ler histórias simples. Um ano depois, Hellen, com sete anos de idade, fez sua primeira visita à Perkins Institution, onde aprendeu a ler pelo sistema Braille. Passou alguns anos lá e em 1890 foi levada para aprender a falar com Sarah Fuller do Horace Mann School para Surdo-mudos.
Hellen aprendeu a imitar a posição dos lábios e da língua de Fuller ao falar com o toque da ponta de seus dedos e aprendeu a ‘ouvir’ o que outras pessoas falavam colocando seus dedos nos lábios e na garganta de seu interlocutor. Para falar, valia-se frequentemente de um intérprete na linguagem de sinais, ou da própria Anne, habituada com seus sons e, portanto, capaz de traduzi-los.
Quando tinha 14 anos, ingressou na Wright-Humason School para Surdo-mudos em Nova York. Dois anos mais tarde, com Anne ao seu lado, matriculou-se na Cambridge School para Jovens Senhoras em Massachusetts. Em 1900, foi admitida na Radcliffe, um prestigioso colégio para moças em Cambridge, com aulas ministradas por professores da Universidade Harvard. Era uma estudante determinada e brilhante.
Obra pessoal
Cursando ainda a Radcliffe, escreveu sua primeira autobiografia The Story of My Life (A história de minha vida), publicada em capítulos pela revista The Ladies Home Journal e posteriormente em livro. Em 1904, diplomou-se ‘cum laude’ na Radcliffe.
Helen se tornou escritora, tendo publicado, entre outros, os seguintes livros: The World I Live In (O Mundo em que vivi – 1908), Out of the Dark (Saindo da escuridão – 1913), My Religion (Minha religião – 1927), Helen Keller's Journal (Diário de Helen Keller – 1938), e Teacher (Professora – 1955). Em 1913, começou a dar conferencias com a ajuda de um intérprete, inicialmente em favor da Fundação Americana dos Cegos.
As viagens com a finalidade de ministrar palestras a levaram, por diversas vezes, aos quatro cantos do mundo. Muito fez para dissipar os estigmas e a ignorância que cercavam as deficiências da visão e da audição, que historicamente resultavam em isolar os cegos e os surdos em asilos especializados. Helen também se destacou em outras áreas, tendo defendido o socialismo. Amplamente homenageada foi galardoada com a Medalha da Liberdade, a mais alta honraria norte-americana.
“Minha vida foi feliz porque tive amigos maravilhosos e desenvolvi um trabalho muito interessante”, escreveu Helen certa vez. “Pensava comigo das minhas limitações e elas nunca me deixaram triste. Talvez tenha sido por vezes apenas um toque de intenso desejo, mas isto é algo vago como uma brisa entre as flores. O vento passa e as flores ficam contentes.”
Siga o Opera Mundi no Twitter
NULL
NULL
NULL