Com a quebra definitiva das relações diplomáticas entre Venezuela e Colômbia, empresários e habitantes – colombianos e venezuelanos – de cidades próximas à fronteira entre os dois países se preocuparam com os reflexos da decisão na economia bilateral. O Ministério de Comércio, Indústria e Turismo da Colômbia chegou a dizer que o fechamento total das fronteiras pode representar perdas diárias de até 2,4 milhões de dólares. Porém, pouca coisa deve mudar na fronteira.
“Nada deve mudar. O comércio já vinha piorando muito há um ano, em julho de 2009, quando o embaixador em Bogotá foi retirado e hoje é quase zero. Tivemos uma queda no fluxo de vendas de até 90%”, afirmou ao Opera Mundi o presidente da Fedecámaras – associação de empresário venezuelana – do estado de Táchira, José Rozo.
A percepção entre os moradores de cidades na fronteira é parecida, conforme contou o taxista Antonio, morador de Cúcuta e que todos os dias transita entre a cidade colombiana e San Antonio del Táchira, na Venezuela. “Há o medo de a fronteira ser fechada, mas isso ainda não aconteceu. Os preços dos produtos continuam iguais e o bolívar segue barato”, disse. Segundo ele, “o comércio já havia caído desde a piora das relações e pouca coisa vai mudar.”
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Entre maio de 2009 e maio de 2010 as exportações da Colômbia para a Venezuela caíram 68,9%. Apenas em 2010 a queda até maio foi de 71,40%. Segundo a Cavecol (Câmera Venezuelano-Colombiana de Comércio), 2008 foi o melhor ano de intercâmbios comerciais, com um total de 7,289 bilhões de dólares, em contraste com 2009, com 4,6 bilhões de dólares. “Essa ‘guerra’ entre Venezuela e Colômbia prejudica as economias de ambos os países, além de ter um custo social”, explicou Rozo, acrescentando que cerca de 20 mil empregos foram perdidos em Táchira devido à crise.
Segundo ele, a Colômbia era um mercado natural da Venezuela e vice-versa. “O governo venezuelano procura substituir os países fornecedores, mas colombianos e venezuelanos são muito parecidos, compartilham gostos. Ou seja, os sapatos colombianos eram perfeitos para os venezuelanos, que agora deverão comprar modelos de outros países. É uma pena que isso esteja acontecendo.”
Próximo presidente
O rompimento definitivo das relações entre Caracas e Bogotá foi anunciado na tarde de ontem (22/7) pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez, após o país sofrer uma série de ataques verbais da Colômbia que, atualmente presidida por Álvaro Uribe, acusa a Venezuela de abrigar guerrilheiros das Farc e do ELN.
No próximo dia 7 de agosto o presidente eleito, Juan Manuel Santos, assume a direção do país. No dia 7 de julho, Santos convidou Chávez para a cerimônia de posse, o que indicou boa vontade do novo mandatário em restabelecer as relações com Caracas. Porém, após as denúncias feitas ontem na OEA (Organização dos Estados Americanos) pela Colômbia, Chávez cancelou a viagem a Bogotá.
Questionado se a entrada de Santos no cenário poderia melhorar os laços venezuelano-colombianos, Rozo afirmou que sim, “no entanto, não podemos esquecer que um retorno pleno das relações depende da retirada das bases norte-americanas do território da Colômbia, que atrapalham o convívio dos países.”
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