Durante almoço no Itamaraty oferecido ao presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou o terrorismo como instrumento político, porém, não mencionou diretamente grupos guerrilheiros em atividade no país vizinho. Mais cedo, o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, disse que o assunto é uma questão interna colombiana e que o Brasil não pretende atuar a não ser que seja requisitado.
“Nada justifica o terrorismo como instrumento de luta política. Não somos mais uma região de conflitos, de revolta e de censura”, afirmou Lula ao oferecer o brinde a Santos, informou a Agência Brasil. “O Brasil é solidário ao povo colombiano em sua luta pela paz e contra a violência.”
Wilson Dias/ABr
Alunos de escola pública, em visita ao Palácio do Planalto, conversam com os presidentes Lula e Santos
Ao assumir o governo colombiano no início de agosto, Santos elegeu o combate às guerrilhas e aos grupos paramilitares como prioridade, assim como a luta contra a violência e o narcotráfico.
“Reiteramos ao presidente Santos que estamos atentos para a busca de solução negociada no plano interno. Acho que o problema das FARC [Forças Revolucionárias Armadas da Colômbia] deve ser resolvido no âmbito colombiano. O presidente Santos aprecia a posição brasileira e só interviríamos se houvesse, da parte do governo colombiano, uma solicitação”, afirmou Garcia.
Mais cedo, a candidata do PT (Partido dos Trabalhadores) à presidência, Dilma Rousseff, confirmou a posição do governo brasileiro em encontro com Santos e disse que, se eleite, manterá uma clara posição de combate ao narcotráfico.
Para Garcia, não cabe ao Brasil classificar as FARC como um grupo terrorista, o que não impede o governo brasileiro de ter uma posição crítica com relação ao grupo. Da mesma forma que não diz respeito ao governo brasileiro abordar o caso da presença de bases norte-americanas em território colombiano, argumentou: “Este assunto sequer foi citado na reunião. Não nos diz respeito, é outro assunto que deve ser resolvido internamente na Colômbia e com os envolvidos diretos que no caso não somos nós.”
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Venezuela
Dentre as primeiras tarefas como presidente, Santos promoveu o restabelecimento das relações diplomáticas com a Venezuela, rompidas após o governo de Álvaro Uribe acusar Caracas junto à OEA (Organização dos Estados Americanos) de abrigar guerrilheiros das FARC e do ELN (Exército de Libertação Nacional).
Em Brasília, Santos disse que acredita que “é possível pensar diferente e manter boas relações” com o presidente Hugo Chávez. “É interessante observar que as tensões que existiam no cenário regional estão cedendo porque, quando os governantes estão brigando, são os povos que sofrem”, afirmou o colombiano.
Para ele, a reunião com Chávez logo após a posse foi apenas o primeiro passo para normalizar e posteriormente fortalecer a relação. “É o momento de trabalharmos unidos. A unidade deve estar acima de qualquer diferença ideológica ou política”, concluiu.
Mercosul e acordos
Em sua primeira visita ao exterior como presidente da Colômbia, Santos foi convidado por Lula para participar no dia 17 de dezembro, em Foz do Iguaçu (PR), da próxima reunião entre presidentes do Mercosul, bloco do qual a Colômbia é apenas associada.
Marco Aurélio Garcia afirmou que entre os objetivos da reunião estão a “intensificação de relações entre os países e o fortalecimento da América Latina como unidade”. Já Lula, que se mostrou satisfeito com a decisão de Santos de escolher o Brasil como primeiro destino como presidente, disse que esta visita “oferece a oportunidade de aprofundarmos o clima de parceria e cooperação que sempre caracterizou o relacionamento entre Brasil e Colômbia”.
Após cerimônia no Palácio do Planalto, Lula e Santos iniciaram uma reunião privada na qual firmaram um acordo entre a Polícia Federal brasileira e a Polícia Nacional colombiana para fortalecer a região fronteiriça e intensificar o combate ao crime e ao tráfico de drogas.
“Nossa fronteira comum é bastante extensa e isso requer atenção prioritária”, disse Lula. Para ele, a cooperação nas áreas de inteligência e de intercâmbio de informações possibilita melhorarias nas condições de vida das populações das cidades de Letícia e Tabatinga, ambas na fronteira entre os dois países. “Estamos respondendo ao crime organizado por meio de uma integração”, completou.
Além disso, durante a reunião, foram discutidas propostas alianças nas áreas de combustível e defesa, com o desenvolvimento de pesquisas conjuntas na indústria aeronáutica, naval e terrestre.
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