A Colômbia acordou nesta quinta-feira (23/9) com uma notícia que já se imaginava que aconteceria, cedo ou tarde: a morte do guerrilheiro Víctor Julio Suárez, conhecido pelo codinome de Mono Jojoy, comandante máximo das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), em um bombardeio realizado pela força aérea.
Junto com o comandante do bloco oriental das FARC morreram outros 20 guerrilheiros, entre eles a holandesa Tanja Nijmeijer, e outros comandantes importantes. Um deles foi o chefe conhecido como Romaña, membro secretariado central da guerrilha.
Cerca de 400 soldados, 30 aviões e 27 helicópteros participaram da operação, batizada de “Sodoma”, lançando mais de 50 bombas contra o acampamento da guerrilha.
Efe
O ministro da Defesa da Colômbia, Rodrigo Rivera, reuniu-se com membros do exército
“Por que Operação Sodoma? Porque lá estava o coração da maldade. E precisávamos de ajuda do alto”, disse o ministro da Defesa, Rodrigo Rivera, em referência a uma passagem bíblica.
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O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, comemorou a ação militar e a morte de Mono Jojoy.
“Estas são as boas-vindas para as FARC por parte de meu governo”, ironizou, ao sair da reunião da Assembleia Geral da ONU em Nova York.
Crise dos dois lados
Com quase 60 anos, Jojoy tinha sido responsável por várias ações militares das FARC e o autor intelectual de diversos sequestros, incluindo o da então candidata à presidência Íngrid Betancourt, em 2002.
Ele foi o terceiro membro do secretariado abatido pelas forças armadas colombianas. Em março de 2008, os militares da Colômbia invadiram o espaço aéreo do Equador para bombardear um acampamento das FARC, matando Raúl Reyes, então o o segundo chefe mais importante do grupo. A operação foi ordenada por Juan Manuel Santos, então ministro da Defesa e hoje presidente.
O ataque de hoje acontece em um momento de crise institucional e militar no país, depois de uma onda de ataques nos últimos dias que custaram a vida de quase 40 militares.
Diálogo
A senadora Piedad Córdoba, do Partido Liberal, lamentou a violência e pediu que as partes comecem a dialogar para encerrar o conflito.
“Os fatos de guerra das últimas semanas são dolorosos. As mortes de policiais e militares, de guerrilheiros e guerrilheiras, os dramas vividos pelos moradores do campo em meio às operações armadas, devem levar-nos a construir o espaço de diálogo”, disse ela, que também é líder da ONG Colombianos e Colombianas pela Paz.
Especialistas ouvidos pelo Opera Mundi acreditam que as FARC podem estar em seu pior momento na história da guerrilha. Para o analista italiano Guido Piccoli, especialista em Colômbia, a morte de Mono Jojoy pelas mãos dos militares diminui a esperança de ver um fim para o conflito.
“Esse é um sinal negativo, porque cria a ilusão, no governo e na sociedade colombianos, de que se pode chegar a uma vitória militar. Além de absurdo, isso vai prolongar infinitamente o conflito, quando se deveria buscar uma solução negociada”, afirmou.
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