A presidente da associação argentina Mães da Praça de Maio, Hebe de Bonafini, afirmou nesta quinta-feira (19/03) que pela primeira vez em 43 anos, devido à pandemia do novo coronavírus, o grupo não irá realizar sua reunião semanal na Praça de Maio, no centro de Buenos Aires.
A organização é formada por mulheres que tiveram seus filhos desaparecidos ou assassinatos durante a ditadura militar do país. As mães realizam toda semana uma marcha em volta da Praça de Maio em Buenos Aires, capital do país. Por conta do coronavírus, o governo argentino decretou quarentena em todo o território.
“Estamos vivendo momentos muito difíceis, sobretudo para as Mães. Nunca fechamos nossa sede, nunca deixamos de ir à praça. 43 anos. É com um pesar muito grande, mas quero que as pessoas entendam e saibam que não estamos fazendo por nós mesmas, já que estamos velhas. Nós fazemos por vocês, para que entendem que temos que nos cuidar”, disse a presidente.
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Bonafini afirmou que todos devem ouvir o governo que “está fazendo o melhor que pode” com “os restos do governo anterior”. A presidente disse que é “por amor” que o grupo não saíra às ruas como fez por todos esses anos.
“Estamos aqui para dizer que nós amamos muito vocês e que por isso não vamos à praça. É por amor, não por indisciplina, como fazem alguns. Não vamos por amor. Por amor aos nosso filhos, que são vocês, aos que temos que cuidar”, disse.
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Associação Mães da Praça de Maio se reúnem toda semana há 43 anos
Dia Nacional da Memória pela Verdade e da Justiça
O Dia Nacional da Memória pela Verdade e da Justiça, feriado na Argentina que se comemora todo dia 24 de março, no aniversário do golpe militar no país, foi cancelado por diversas organizações e movimentos sociais devido à pandemia do coronavírus.
“A decisão de não nos mobilizarmos no dia 24 de março, como fazemos há anos, é realmente algo muito importante, mas entendemos que o cuidado da população requer respostas solidárias para contribuir com a prevenção e com a saúde do nosso povo”, afirma o documento assinado pelas entidades, incluindo as Avós da Praça de Maio.