Em uma entrevista para a televisão pública espanhola, nesta sexta-feira (24/05), o ministro de Assuntos Exteriores e Política de Segurança da União Europeia, Josep Borrell, disse celebrar a decisão anunciada esta semana por Espanha, Irlanda e Noruega, que passaram a reconhecer o Estado da Palestina.
No entanto, no mesmo programa, o chanceler europeu lamentou a reação de Israel à notícia. Segundo o diplomata catalão, as autoridades do governo sionista de Benjamin Netanyahu se equivocam ao tentar rotular como “antissemitas” todos os que divergem da política israelense.
“Infelizmente, sempre que alguém toma a decisão de apoiar a construção de um Estado palestino, algo que todos na Europa apoiam, a reação de Israel é transformá-lo num ataque antissemita”, disse Borrell.
Em outro momento, o diplomata aprofundou suas impressões sobre a incapacidade israelense de lidar com as divergências. “Israel tem que aceitar ser criticado. Uma coisa é criticar o governo de Netanyahu, que é um governo democraticamente eleito, mas que pode ser criticado como qualquer governo do mundo, e outra coisa é adotar posições antissemitas ou anti Israel”, frisou.
Perguntado sobre o argumento israelense de que o reconhecimento ao Estado palestino “é um presente para o Hamas”, Borrell afirmou que “o mundo palestino está dividido entre a Autoridade Nacional Palestina (ANP), que reconhecemos, que financiamos e com a qual interagimos, e uma organização terrorista que consideramos como tal”. Apesar de não citar o nome do grupo de resistência palestino naquele momento, o comentário de Borrell sobre “uma organização terrorista” se referia ao Hamas.
Em seguida, o diplomata mencionou nominalmente o Hamas, para dizer que “fortalecer a ANP não é fortalecer o Hamas, e reconhecer o Estado Palestino não é um presente para o terrorismo”.
O chanceler da União Europeia defendeu o Tribunal Penal Internacional (TPI), ao lembrar que o procurador Karim Khan, passou a receber ameaças após solicitar a emissão de um mandado de detenção contra o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu – o qual ainda não foi avaliado pelos magistrados, ou seja, o pedido ainda não foi aceito, tampouco rejeitado.
“Se queremos uma justiça internacional que garanta que as graves violações dos direitos humanos no mundo não fiquem impunes, devemos apoiá-la”, declarou.
Ao final da entrevista, Borrell insistiu no argumento de que a União Europeia busca fortalecer a ANP, justamente para que esta se imponha como representante da causa palestina, no lugar do Hamas. “O Hamas não é toda a Palestina. Os mais de 35 mil mortos em Gaza não eram todos militantes do Hamas, nem eram todos terroristas”, concluiu.