Atualizada às 17h32
Cerca de 7 milhões de bolivianos foram às urnas neste domingo (20/10) para participar das eleições gerais que escolherão o próximo presidente da Bolívia, bem como definirão a composição do Congresso bicameral de 166 assentos. A votação teve início a partir das 8h (9h, no horário de Brasília) e as urnas fecharam às 16h (17h, no horário de Brasília).
Segundo o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), a votação ocorreu com normalidade, com poucos incidentes de ilegalidades. Ainda de acordo com o órgão, a apuração está prevista para começar dentro das próximas horas, graças ao sistema digital chamado Transmissão de Resultados Eleitorais Preliminares (TREP).
Favorito na disputa, o atual presidente Evo Morales busca a reeleição e a conquista de seu 4º mandato consecutivo. Segundo as últimas pesquisas, o mandatário, candidato pelo Movimento ao Socialismo (MAS), aparece com 40% das intenções de voto, 18 pontos percentuais à frente do segundo colocado, o ex-presidente Carlos Mesa, que possui 22%.
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Se esse resultado se confirmar nas urnas dentro das próximas horas, Evo pode vencer as eleições já no primeiro turno. De acordo com as leis eleitorais da Bolívia, para a eleição ser definida já na primeira volta, o vencedor deve ter 50% mais um dos votos ou conquistar mais de 40% e abrir mais de 10 pontos percentuais de vantagem sobre o segundo colocado.
Entretanto, pesquisas de institutos privados não indicam uma vantagem tão ampla para o atual presidente e afirmam que estas podem ser as eleições mais apertadas da história recente do país. Além disso, em um possível segundo turno, as sete candidaturas de oposição – além da de Mesa – podem se unir para angariar mais eleitores.
A estratégia do governo se baseia em destacar os diversos avanços econômicos e sociais alcançados durante os quase 14 anos de Evo Morales. Eleito em 2005, o antigo líder indígena cocaleiro tem 59 anos e uma gestão repleta de números que comprovam um salto em diversos indicadores importantes para o país latino-americano.
Segundo dados do Banco Mundial, 63% da população vivia abaixo da linha da pobreza em 2002. Já em 2018, esse número foi reduzido para 35%. Além disso, números do governo apontam para um crescimento no PIB desde que Morales assumiu, partindo de US$ 9,5 bilhões para US$ 40,8 bilhões.
ABI
Segundo as últimas pesquisas, o atual presidente aparece com 40% das intenções de voto
Por sua vez, o ex-presidente Carlos Mesa, principal opositor de Morales na disputa eleitoral deste domingo, aposta em ataques ao governo para conseguir uma vitória nas urnas e se tornar o candidato que colocará fim aos 14 anos de governo progressista na Bolívia.
Jornalista e historiador, Mesa governo o país entre os anos de 2004 e 2005, após a renúncia de Gonzalo Sánchez de Lozada. Com 66 anos, o candidato da Comunidade Cidadã – coalizão de pequenos partidos e movimentos civis – representa o setor da centro-direita que acusa o governo de Evo de corrupção e de uma intenção “autocrática”, já que o presidente perdeu o referendo em que se votou a possibilidade de sua reeleição e mesmo assim investiu em sua candidatura.
Entretanto, a campanha de Morales continua a demonstrar os “fracassos de um passado neoliberal” dos governos anteriores. “A vitória do povo boliviano nas eleições do próximo domingo será a derrota do imperialismo e dos vende-pátria, será a derrota do neoliberalismo, do FMI e do Banco Mundial, da sua cartilha de privatizações”, disse o presidente durante discurso no ato de encerramento de sua campanha na última quarta-feira (16/10).
“Será a vitória dos que se unem, organizam e mobilizam contra a submissão ao estrangeiro, contra a pobreza e a desigualdade”, afirmou Evo.