O presidente norte-americano, Joe Biden, reagiu nesta quinta-feira (02/05) à onda de protestos em apoio aos palestinos em Gaza que toma conta das universidades norte-americanas. “Protestos violentos não são protegidos, mas protestos pacíficos são”, disse Biden, criticando os tumultos das manifestações. “A ordem deve prevalecer”, completou o chefe de Estado.
“Vandalismo, invasão forçada, quebra de janelas, bloqueios, cancelamento de aulas ou cerimônias de formatura, nada disso é protesto pacífico”, continuou Biden. “É contra a lei”, frisou. “Como presidente, sempre defenderei a liberdade de expressão e a lei com a mesma veemência”.
O presidente norte-americano também disse que não é a favor do envio da Guarda Nacional para controlar a situação. Até agora, Biden não tinha dado declarações sobre a mobilização e as repressões policiais para retirar os manifestantes acampados na Universidade de Columbia, em Nova York, ou na Universidade da Califórnia (UCLA).
Os protestos colocam o democrata em uma posição delicada, já que sua política de apoio a Israel rendeu críticas de eleitores jovens, progressistas e árabe-americanos, que podem fazer diferença contra seu rival Donald Trump na disputa pela presidência, em novembro.
Os republicanos acusam o candidato democrata de permitir que o antissemitismo se propague nas universidades, apesar de Joe Biden garantir que o movimento de protesto não mudará sua estratégia no Oriente Médio.
Nos últimos 15 dias, uma onda de mobilização a favor dos palestinos em Gaza tomou conta das universidades norte-americanas, da Califórnia às principais faculdades no nordeste do país, com algumas manifestações inspiradas nos protestos contra a Guerra do Vietnã.
A polícia interveio várias vezes nos últimos dias para desalojar os manifestantes. Na Universidade da Califórnia, dezenas de estudantes foram presos, algemados e depois levados para fora após confrontos com a polícia e intervenções das tropas de choque.
Os estudantes norte-americanos pedem que universidades cortem laços com patrocinadores ou empresas ligadas a Israel e denunciam o apoio quase incondicional dos Estados Unidos a seu aliado israelense. A mobilização ultrapassa as fronteiras, com diversas manifestações pró-Palestina na França, e na Universidade McGill, no Canadá.
Netanyahu: “judeus devem ser capazes de se defender”
Os judeus devem ser capazes de “se defender” porque “ninguém os protegerá”, disse o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, nesta quinta-feira, ao receber sobreviventes do Holocausto que participarão das cerimônias do Yom HaShoah (Dia da Memória do Holocausto) no memorial do Holocausto Yad Vashem, no domingo.
“Se tivermos que nos defender, vamos nos defender. Se for possível mobilizar gentios (não-judeus), isso é bom. Mas se não nos protegermos, ninguém nos protegerá”, disse Netanyahu.
Referindo-se ao movimento estudantil em solidariedade aos palestinos nas universidades norte-americanas, Netanyahu denunciou na semana passada manifestações “horríveis” de “hordas antissemitas” que “pedem a destruição de Israel” e “atacam estudantes e professores judeus”.
Netanyahu também enfrenta oposição internacional – inclusive dos Estados Unidos, aliado histórico de Israel – ao seu projeto de ofensiva no extremo sul da Faixa de Gaza, que se tornou um refúgio para um milhão e meio de palestinos, a grande maioria deslocados pela guerra.
O primeiro-ministro considera essencial “destruir” o Hamas no país, mas a ONU e muitos países temem as consequências da operação. “Faremos o que for preciso para vencer e derrotar nossos inimigos, especialmente em Rafah”, reiterou Netanyahu na quinta-feira.
Mais cedo, o presidente israelense, Isaac Herzog, denunciou um “ressurgimento aterrorizante do antissemitismo” em todo o mundo, inclusive nos Estados Unidos, onde disse que “universidades renomadas, focos de história, cultura e educação” estão “contaminadas pelo ódio e pelo antissemitismo”.