O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, rechaçou nesta sexta-feira (14/06) a adesão a uma iniciativa trilateral promovida pelo presidente francês, Emmanuel Macron, na qual França, Estados Unidos e Israel formariam um grupo de contato para tentar atenuar a escalada de tensões de Tel Aviv com o movimento libanês Hezbollah, na fronteira norte do Estado israelense.
“Enquanto lutamos por uma guerra justa, defendendo nosso povo, a França adotou políticas hostis e inimigas contra Israel”, acusou Gallant, por meio de um comunicado em rede social, deixando claro que sua nação “não fará parte do quadro trilateral proposto pela França”.
בשעה שמדינת ישראל נלחמת במלחמה הצודקת ביותר בתולדותיה, צרפת הוכיחה עוינות ואיבה כנגדנו, תוך התעלמות בוטה ממעשי הזוועה שביצעו מחבלי החמאס נגד ילדים ונשים – רק בשל היותם יהודים.
לא נהיה שותפים לוועדה להסדרת המצב הביטחוני בגבול הצפון אם צרפת תקח בה חלק.
— יואב גלנט – Yoav Gallant (@yoavgallant) June 14, 2024
A declaração de Gallant responde a um anúncio proferido por Macron no dia anterior. O mandatário europeu declarou que os três países em questão haviam concordado na proposta, idealizada desde abril quando o chanceler francês Stéphane Séjourné visitou Tel Aviv.
O plano inclui o fim da violência tanto do lado israelense quando do libanês, além de defender a retirada das forças de Al Radwan, uma unidade de elite do Hezbollah, e de outros grupos armados a 10 quilômetros da fronteira com Israel.
De acordo com a imprensa local, a acusação de Gallant causou ruído e discordância nos bastidores do gabinete. Uma fonte do Ministério das Relações Exteriores de Israel ouvida pelo The Jerusalem Post assegurou que “Israel não rejeitou a proposta do presidente francês, Emmanuel Macron, de uma cúpula trilateral sobre as tensões no norte”, acrescentando que o ministro “demonizou” um “aliado forte e firme de Israel”.
Os diplomatas da chancelaria israelense argumentam que, desde 7 de outubro de 2023, a França adotou uma posição clara a respeito da guerra, denunciando e declarando sanções contra o grupo palestino Hamas, além de manifestar apoio ao processo de bloqueio financeiro contra o programa nuclear iraniano.
Outra fonte, sob anonimato, criticou Gallant por “usurpar funções diplomáticas reservadas ao primeiro-ministro [Benjamin Netanyahu] e ao ministro de Negócios Estrangeiros [Israel Katz], a par das suas”.
“Israel está interessado na proposta, mas ainda está em seus estágios iniciais”, disse.
![](https://controle.operamundi.uol.com.br/wp-content/uploads/2024/06/design-sem-nome-2-1.jpg)
Ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, à esquerda; presidente da França, Emmanuel Macron, à direita
Tensões entre Israel e Hezbollah
Alinhado ao Irã, o Hezbollah e Israel têm estado em confronto bélico nos últimos oito meses e, mais recentemente, as agressões entre ambas as partes têm se intensificado à medida que as forças israelenses atacam todas as regiões de Gaza. Segundo a emissora catari Al Jazeera, a comunidade internacional manifesta preocupação de que o conflito no Oriente Médio se amplie e possa eclodir entre os adversários fortemente armados.
Vale lembrar que em 24 de maio, o secretário-geral do Hezbollah, Hassan Nasrallah, havia alertado o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que a resistência do Líbano realizaria “mais surpresas” contra as forças israelenses caso não cessassem suas agressões na fronteira libanesa-israelense e continuassem negando o fim dos ataques na Faixa de Gaza.