Às vésperas da cúpula na Suíça sobre a Ucrânia, o governo de Berna ainda insiste para que o Brasil tenha mais representatividade no evento, mesmo que Brasília já tenha sinalizado que, sem a presença da Rússia, a cúpula planejada para os dias 15 e 16 de junho “não faz sentido”.
De acordo com a coluna do jornalista Jamil Chade no UOL, a Suíça enviou mensagens à presidência de Luiz Inácio Lula da Silva, solicitando que o Brasil eleve sua participação na reunião.
O presidente brasileiro está na Europa para um encontro, nesta quinta-feira (13/06), com a presidente suíça Viola Amherd e para discursar no Fórum Inaugural da Coalizão para Justiça Social da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Já nesta sexta-feira (14/06), a agenda de Lula envolve a cúpula do G7 na Itália.
Aproveitando a passagem do mandatário pelo continente, as autoridades suíças tentaram convencer Brasília de se engajar com uma delegação de alto nível ou que pelo menos estivesse presente na condição de observador na reunião.
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Governo brasileiro justifica que, sem o Kremlin, não existe motivo para um encontro que serviria apenas para chancelar posição do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky
Durante as negociações para cúpula, os países ocidentais responsáveis modificaram a programação para tentar convencer o Brasil e outras nações emergentes a participar da reunião. Mas, ainda assim, a agenda continuou sendo baseada nos planos de Zelensky.
Desta forma, o temor do governo Lula é que essa condição seja ignorada no momento de se declarar as conclusões do encontro e anunciar quem estava presente. Isso poderia dar a impressão de que o Brasil apoiaria a iniciativa, relata Chade.
O governo brasileiro justifica que, sem o Kremlin, não existe motivo para um encontro que serviria apenas para chancelar a posição do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Em uma entrevista na quarta-feira (12/06), o assessor para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, reafirmou a posição do Brasil.
“A ideia é enviar a embaixadora do Brasil na Suíça [Cláudia Fonseca Buzzi]. Existem muitos apelos [para que o Brasil eleve sua participação], mas não acho que tem como mudar. O vício de origem é a não participação da Rússia. O programa, ainda que modificado, se baseia no plano de Zelensky para a paz. Não é assim. O Brasil não fez nada para favorecer a Rússia, mas para favorecer a paz”, declarou Amorim.
(*) Com Sputnik