Atualizada em 19 de dezembro de 2014 às 6h00
WikiCommons – Autoretrato
Joseph Mallord William Turner, pintor inglês, precursor do impressionismo, falece em sua casa no distrito londrino de Chelsea em 19 de dezembro de 1851, aos 76 anos.
Nascido em 23 de abril de 1775 em Covent Garden, bairro de Londres, “o pintor que roubou a luz do Sol” manifestou desde cedo inclinação para a arte. Seu pai o encoraja e expõe seus trabalhos em sua barbearia.
Após início acadêmico, o artista evolui em direção a uma pintura verdadeiramente revolucionária que valoriza a luz e a água.
Depois da fase de aprendizagem, Turner realiza diversas viagens pela Inglaterra. Costumava tomar notas para seus quadros muito antes de concretizá-los, incorporando à obra definitiva a impressão que reconstrói da própria memória.
Em 1791 obtém um prêmio de desenho na Royal Academy graças a uma paisagem, o que o levou a inclinar-se por essa temática. Aos 20 anos, começa a trabalhar com óleo enquanto recebia os primeiros elogios por suas aquarelas. Nessa época, chegam as primeiras encomendas e ele pinta paisagens campestres. Suas fontes de inspiração estavam nas pinturas de Rembrandt – de quem captaria os contrastes luz/sombra –, de Poussin, Claudio de Lorena e Dughet, pintores que lhe inspirariam a sobriedade clássica que se contempla em suas telas definitivas.
Em fins do século XVIII, os quadros de Turner são bastante escuros, interessando-lhe o dramatismo e a imponência, como bem se pode observar em “O Lago de Buttermere” e em “O Castelo de Dolbadern”.
Em 1800 conhece Sarah Danby, jovem viúva, que seria durante anos sua companheira, nascendo dessa união duas filhas: Evelina e Giorgiana.
Em 1802 Turner passa o outono em Paris, onde conheceria pessoalmente Jacques-Louis David, pintor de Napoleão. Visita o Louvre, onde tem a oportunidade de copiar Tiziano, Rafael, Rubens e o próprio Rembrandt. A cor como meio de expressão seria seu objetivo imediato, razão pela qual buscou inspiração no museu francês.
Já em 1807 os críticos começam a apontar certa indefinição nos contornos, a utilização pouco apropriada da cor e a infidelidade com a natureza. Seu quadro “Salto do Reno” em Schaffhausen foi acusado de parecer “ter sido pintado com areia e gesso”. Turner passa a se interessar especialmente pela cor e pelo emprego de fundos brancos para o céu e a água, conferindo maior luminosidade aos tons claros, o que se pode apreciar em “Pescador Saudando um Marinheiro”.
NULL
NULL
Turner realiza visitas às casas de campo de nobres londrinenses. Através dessas ligações é contratado como professor de perspectiva pela Royal Academy entre os anos 1811 e 1828. O interesse pela perspectiva seria uma das características a definir seus trabalhos.
Em 1819 realiza sua primeira viagem à Itália. Passa por Turim, Milão, Veneza, Roma e Nápoles, dedicando-se a copiar obras de alguns mestres clássicos, especialmente Tintoretto. De regresso a Londres, pinta o quadro “Roma Vista desde o Vaticano”, em que faz uma comovida homenagem a Rafael.
Nos anos seguintes, cada trabalho exposto era acompanhado de um poema próprio ou de algum de seus poetas favoritos, unindo desse modo pintura e poesía.
Converte-se na década de 1820 no pintor preferido do grande público, da aristocracia e até da realeza. Suas paisagens são admiradas por todos. O mestre se interessa nesse momento pelos efeitos atmosféricos, a luz e a cor.
Wikimedia Commons/Reprodução
Primeira versão de “Incêndio na Câmara dos Comuns”, 1834. quadro em exibição no Museu de Arte da Filadélfia, EUA
A estadia na Itália iria se repetir em 1828, passando desta vez por Paris, Avignon, Florença e Roma, período em que pinta assiduamente. Em fevereiro de 1829 está de novo em Londres para realizar Ulisses, obra que emprega cores claras e luminosas graças ao estudo das obras italianas do Renascimento: Da Vinci, Rafael, Michelãngelo e Correggio.
Em 1832 se traslada a Paris, onde conhece Delacroix. Ao regressar a Londres, põe-se em contato com um de seus mais férreos defensores, John Ruskin, jovem teórico da História da Arte que incluiria Turner em sua obra “Modern Painters”.
Em 16 de outubro de 1834, um incêndio assola o Parlamento de Londres. Turner pôs na tela o incidente fazendo ressaltar os reflexos das chamas no rio Tâmisa. Em 1844, expõe a sua obra mais famosa: “Chuva, Vapor e Velocidade” (imagem abaixo), trabalho em que recolheu todas as investigações a respeito da atmosfera, da luz e da cor.
Wikimedia Commons/Reprodução
A partir de 1845 abandona seu contato com a natureza, pelo que seria duramente criticado. Suas telas passam a ser cada vez mais caóticas, chegando inclusive a ter de cravar um preço na moldura para que se soubesse qual a posição dos quadros ao enviá-los para a exposição.
Em 1850 expôs pela última vez na Royal Academy. Em seu testamento, legou à nação suas telas com a condição que se construísse um museu para abrigá-las em um prazo de dez anos após sua morte. Caso contrário, os quadros deveriam ser vendidos. Passado mais de um século, nem se construiu o museu nem as obras foram vendidas. O legado de Turner foi reunido em um anexo à Tate Gallery, a chamada Clore Gallery, inaugurada pela rainha Elizabeth II em abril de 1987.
Vinte anos após sua morte, durante a guerra franco-prussiana, o pintor Claude Monet, então aos 30 anos, se refugia em Londres e descobre nos museus a obra de Turner. De volta à França, pinta à maneira de Turner um quadro que intitula de “Impressão, Sol Levante”. Daí o nome que seria dado a sua escola de pintura, o impressionismo.
Também nessa data:
1941 – Hitler assume o comando do exército alemão
1946 – Ataque do Viet Minh sobre Hanói dá início à Primeira Guerra da Indochina
1964: Cinzas de Jean Moulin, líder da Resistência Francesa, vão para o Panteão
1843 – É publicado “Um Conto de Natal”, de Charles Dickens
1999 – Soberania do território de Macau é devolvida à China por Portugal